
Advogado Daniel Vargas afirma que o Brasil pode liderar uma nova visão econômica na conferência mundial do clima
Com a COP 30 se aproximando, o Brasil — e especialmente o estado do Pará — se prepara para receber a maior conferência climática do planeta, que vai reunir chefes de Estado, cientistas, empresários e representantes do setor produtivo. A pergunta que surge é: como o agro brasileiro pode encarar esse desafio e transformar essa vitrine global em oportunidade?
Quem responde é o advogado Daniel Vargas, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo e no Rio de Janeiro, doutor e mestre pela Universidade de Harvard. Para ele, a COP 30 representa o momento certo para o Brasil apresentar ao mundo o valor estratégico do campo nacional. Veja o vídeo:
Sustentabilidade como ativo da produção
Segundo Vargas, a sustentabilidade deixou de ser um conceito externo à economia. Hoje, ela está no centro das decisões produtivas — seja como um custo regulatório, seja como um diferencial competitivo capaz de gerar renda extra. E é nesse ponto que a agropecuária brasileira pode se destacar.
“Para boa parte do mundo, sustentabilidade é um problema. Para o Brasil, é uma oportunidade. Nenhum país tem uma reserva legal como a nossa. Isso é um ativo do produtor rural brasileiro”, afirma o especialista.
O solo brasileiro como aliado da descarbonização
Vargas lembra que, enquanto o mundo discute como tirar carbono do ar e colocá-lo no solo, o Brasil já faz isso há mais de 50 anos, ao converter solos ácidos em terras férteis, com alto teor de matéria orgânica. Esse know-how precisa ser valorizado no cenário global.
“Somos especialistas em solo, e isso deve ser tratado como parte da solução climática global”, destaca.
Justa remuneração pela preservação
Um dos principais pontos que a COP 30 precisa priorizar, na visão de Vargas, é a forma como o mundo remunera quem preserva o meio ambiente. O professor defende que a conferência discuta mecanismos reais de incentivo e financiamento para os países — e produtores — que conservam seus recursos naturais.
“O que a COP deveria colocar no centro das discussões é a maneira como o mundo remunera a preservação ambiental. Não basta cobrar, é preciso valorizar quem já faz.”
O Brasil tem a faca e o queijo na mão
Com uma agricultura altamente tecnológica, eficiente em uso de recursos e com histórico de preservação, o Brasil pode usar a COP 30 para liderar um novo modelo global de desenvolvimento rural sustentável. E, segundo Daniel Vargas, o agro brasileiro precisa ocupar esse protagonismo com segurança, dados e propostas práticas.