Você conhece os principais inimigos de um bom pasto para seu rebanho? Quem fez a lista que foi ao ar no Giro do Boi desta sexta foi o engenheiro agrônomo Wagner Pires, pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária, no último episódio do quadro especial “Dez passos para construir e manter uma boa pastagem na sua fazenda”.
“Vamos começar por um grande inimigo que se chama planta daninha. Não existe pasto bom com planta daninha, meu amigo! Não deixe esse inimigo crescer no seu pasto: a planta daninha. E ela vai tomando conta, ela vai sementeando, vai se proliferando silenciosamente e você vai perdendo cada vez mais o momento certo de acudir o seu pasto”, alertou.
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O agrônomo explicou porque as plantas daninhas são uma concorrência de certa forma desleal para a forrageira. “Plantas daninhas são adaptadas ao clima, à baixa fertilidade e são tremendamente agressivas”, reforçou.
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Para controlar as plantas indesejáveis, o especialista rejeitou o uso de roçadeira e recomendou o herbicida. “Use o produto certo na hora certa. O que eu quero dizer? Herbicida! O Herbicida é um produto que mata as plantas daninhas. Roçadeira não mata planta daninha. A planta daninha não morre sozinha! Pelo contrário, ela vai aumentando. Então nós temos, sim, que fazer a eliminação através do produto químico, do herbicida. Use o produto certo na hora certa. Nós temos plantas duras e plantas moles. Nós temos plantas que morrem via aplicação foliar de herbicida, nós temos pragas que morrem com uma dosagem maior, tem pragas que morrem com mistura de dois produtos. Hoje nós já temos produtos que têm até três ingredientes ativos juntos e têm um espectro muito maior. Busque assistência técnica”, sugeriu.
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Pires acrescentou ainda a necessidade de aplicar o defensivo mais de uma vez no pasto. “Use os espalhantes adesivos juntos e aceite fazer o repasse. Não existe 100% de eficiência no produto. Não existe aquele produto que mata 100% das plantas daninhas de um vez. Você sempre vai ter que fazer o repasse e a catação. O que você não pode é deixar de fazer o controle e dar continuidade a ele”, alertou. “A veda na pastagem após o uso do herbicida também é essencial”, comentou.
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“Percebe como a planta daninha é um grande inimigo? Mas nós temos outros inimigos aí. E aí eu chamo a sua atenção para as pragas. Cigarrinha-das-pastagens. A cigarrinha-das-pastagens destrói a pastagem, estraga a pastagem na melhor época do ano, que é o período de chuva e tira a qualidade, faz a pastagem perder o seu ritmo de desenvolvimento, sua qualidade, sua palatabilidade, e aí o gado perde peso”, advertiu.
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“A lagarta destrói pastagem e tem pecuarista que fica esperando a chuva para se livrar dele. Enquanto ele espera a chuva, a lagarta está comendo, comendo e vai acabando com o pasto”, acrescentou.
“O percevejo castanho é uma praga que fica escondida dentro da terra e ele vai sugando a qualidade da pastagem. Suga a seiva, injeta uma toxina e mata o capim”, comentou.
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“O cupim toma espaço da pastagem e não se acaba com calcário, não, gente. É com o cupinicida. Muito fácil de morrer”, ponderou.
“E finalmente a gente tem as formigas, que destroem a pastagem, que cortam a pastagem silenciosamente”, concluiu.
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Pires recomendou que o produtor esteja sempre alerta porque ele está cada vez mais suscetível ao surgimento de novas pragas. “Tem muitas outras pragas surgindo e, com a integração lavoura-pecuária, muitas pragas estão vindo da agricultura para a pecuária”, ressaltou.
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O especialista apontou uma prática que pode ajudar o pecuarista a evitar a entrada das pragas na sua fazenda. “Quer ver um cuidado que você deve tomar? Compre sementes de qualidade porque podem vir ovos de cigarrinha-das-pastagens junto com a semente suja. Vamos trabalhar com tecnologia. Então, pessoal, vamos ficar atentos a esses inimigos, às pragas e às plantas daninhas”, pediu.
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Mas além das pragas convencionais, Pires inseriu em sua lista um inimigo pouco conhecido da pastagem para gado de corte. “Eu gostaria de chamar a sua atenção para um inimigo grande da pecuária. É aquele pecuarista desmotivado. Isso mesmo! O pecuarista que não acredita na atividade dele. O pecuarista que não se moderniza, o pecuarista que não se reinventa, que não vai atrás para aprender novas tecnologias e implementar no seu negócio. O pecuarista desorganizado, aquele sem meta, sem objetivos. Esse cara é prejudicial para ele e para toda a cadeia produtiva. Ele não é um empreendedor, ele é um explorador. Esse é o grande mal da nossa pecuária”, opinou.
“Mas esse não é você!”, assumiu o consultor. “Porque você acompanha o Giro do Boi, você busca sempre se capacitar mais, você busca aprender mais, você implementa e está sempre buscando implementar mudanças. Você envia as suas perguntas, quer aprender, quer evoluir, quer melhorar. Esse é o cara que vai ficar na pecuária. É para você que o Giro do Boi, carinhosamente, e junto comigo, fizemos esses dez passos para uma boa pastagem. Eu fico contente e espero que vocês tenham gostado e que hoje mesmo você já esteja caminhando para o futuro, para a melhor pecuária do mundo, que é a do nosso Brasil”, finalizou.
Confira na íntegra o último episódio da série “Dez passos para construir e manter uma boa pastagem na sua fazenda”: