Nesta quinta-feira, dia 30, o engenheiro agrônomo e mestre em solos e nutrição de plantas Neivaldo Cáceres participou do Giro do Boi para responder dúvidas enviadas pelos telespectadores sobre limpeza de pastagens. O especialista, que é pesquisador da linha de pastagens da Dow, ressaltou que o grande “herbicida” para as pastagens é o próprio capim. “Quando o pasto não fica ‘rapado’, o capim combate a planta daninha”, ressaltou o agrônomo, reforçando o conceito de que a forrageira bem nutrida, crescendo em solo adubado, inibe o crescimento de ervas que possam infestar as áreas de pasto.
O pesquisador falou ainda sobre o combate a diversas outras plantas daninhas, como ciganinha, rabo de burro, barba de bode, cafezinho (ou erva de rato), chumbinho, entre outras, além de detalhar recomendações sobre tipos de aplicadores e bicos dosadores.
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CONTROLE DA CIGANINHA DAS PASTAGENS
O agrônomo alertou que a ciganinha representa um sério problema para as pastagens do Cerrado e oeste de SP. A erva deve ser combatida com aplicação no toco, sendo que não há produtos eficientes para controle foliar. Para combater devidamente, deve-se misturar o produto adequado com água e realizar um corte no toco da planta. Mas o trabalho ainda não está concluído. “Essa planta especificamente tem um novelamento grande no sistema radicular, por isso tem que cavar 12 a 15 centímetros de profundidade e naquele ponto da raiz vai ser colocado o produto, diferentemente da aplicação comum no toco, em que simplesmente é feito o corte e a aplicação”, ensinou. Já para o controle basal da ciganinha, o produto deve ser aplicado nas hastes ou no tronco, sem a necessidade de fazer o corte. Neste caso, o produto pode ser diluído em diesel.
RABO DE BURRO E BARBA DE BODE
O especialista lembrou que as ervas são gramíneas, por isso o combate deve ser bem específico para que não ocorra a morte do capim. “Essas plantas são ótimos indicadores de uma situação: elas só aparecem em solos degradados, com baixa fertilidade e acidez alta. Portanto são indicadoras de solos extremamente pobres, áreas degradadas. Aí nesse caso compensaria fazer a calagem, corrigir a fertilidade, colhendo amostra e fazendo a análise de solo para melhorar a condição por meio da adubação”, recomendou. Segundo Cáceres, o combate pontual a estas ervas pode ser feito com defensivos à base de glifosato com aplicação localizada.
OLINHO
Um dos telespectadores que enviaram suas perguntas teve dúvidas sobre o controle da erva conhecida popularmente como olinho. De acordo com o agrônomo, esta é outra erva difícil de controlar, mas existem produtos adequados para o tratamento foliar. Neste caso, é mais recomendável solicitar a visita de um técnico para avaliar a infestação e fazer a indicação específica para aquela área.
CHUMBINHO
Neivaldo disse que a planta, cujo nome é uma referência ao formato do fruto, é até considerada ornamental pela beleza de sua pequena flor. Também há defensivo foliar indicado para o seu controle e a visita de um técnico é recomendável.
CAFEZINHO, OU ERVA DE RATO
A planta é tóxica para os bovinos e pode ser controlar por herbicida foliar, mas outra medida deve ser tomada: retirar o gado do piquete até a morte de todas as plantas. “Para ter uma ideia, recentemente adquiri um livro sobre plantas tóxicas que a capa dele era esta erva”, pontuou. “Onde tem incidência dela, tem que tirar gado, controlar. O problema é que ela é uma planta palatável, o gado come mesmo e vai se intoxicar seriamente”, completou.
O agrônomo explicou que algumas das ervas tóxicas pode provocar problemas cardíacos nos animais, por isso o manejo muito agitado e estressante do gado pode desencadear na sua morte. Neste caso, o manejo racional pode minimizar os efeitos de algumas plantas consideradas tóxicas.
BICO DOSADOR PARA APLICADOR COSTAL
Segundo Cáceres, o ideal para aplicações foliares é usar pontas 80.02 ou 80.03, as chamadas pontas de leque plano, ao invés da ponta original dos aplicadores costais. Para aplicações de toco ou basal,o indicado é o uso de pontas para jatos reguláveis, pois com elas é possível ajustar o volume do jato de herbicidas, adequando para cada uma das aplicações.
O agrônomo recomendou ainda o uso de uma ponta peneira na ponta do aplicador e a limpeza diária do equipamento, mas sem usar arames, evitando o desgaste do dispositivo.
INDICAÇÃO DE APLICADORES
Neivaldo indicou o uso de aplicadores costais para pastagens com 15% a 30% de infestações. Acima disso, a recomendação é usar a aplicação tratorizada ou a aplicação aérea (por avião). Como parâmetro, o pesquisador revelou com a aplicação de defensivos em um hectare de pastagem com 15% de infestação requer uma diária de trabalhador rural para ser concluída.
O uso do trator deve ser ponderado porque alguns alvos podem não ser atingidos, mas o rendimento do trabalho em relação ao tempo é maior. Já na aplicação aérea, um sobrevoo pode concluir a aplicação em 12 a 30 hectares dependendo do tipo de tanque existente na aeronave e a vazão. Este tipo de aplicação pode ser utilizada por um grupo de pecuaristas, que juntos podem conseguir melhores condições de pagamento para deslocar o avião para a sua região.
ENTREVISTA COMPLETA
Veja as informações completas pelo vídeo abaixo, com a íntegra da entrevista de Neivaldo Cáceres ao Giro do Boi: