Mineiro nascido em Passos, Garon Maia foi um dos pioneiros da pecuária brasileira. Em 2016, então com 90 anos, ele concedeu entrevista para a série especial Rota do Boi para compartilhar sua história e seus ensinamentos. Ao todo, o produtor, falecido em junho de 2019, foi responsável pela abertura de mais de 50 fazendas ao longo de sua vida.
“Quantos bois não passaram pelos olhos criteriosos de Garon Maia?”, indagou o repórter Marco Ribeiro na introdução da reportagem. “Na verdade, os olhos deste criador viram muito mais que bois, acompanharam praticamente todas as transformações que a nossa pecuária viveu nos últimos 30, 40, 50 anos”, continuou.
A reportagem, uma campeã de audiência do Giro do Boi, foi exibida novamente nesta terça-feira durante o especial de seis anos do programa, que foi ao ar pela primeira vez em 12/05/2014.
Na Fazenda Iviporã, em Cerejeiras, município do Vale do Guaporé rondoniense, que foi sua morada até o fim de sua vida inspiradora, Garon Maia lembrou como começou sua história com a pecuária. “Meu pai não tinha fazenda. Ele trabalhava com arrendamento, procurava arrendar uma fazenda sadia, que o bezerro desenvolvesse. Então era isso, ele comprava o bezerro, ele recriava em torno de três mil bezerros e conforme ia erando a gente apartava uma cabeceira, selecionava um lote igualado e soltava na estrada para vender em Araçatuba (SP). O negócio era esse”, lembrou em depoimento à equipe de reportagem do Giro do Boi.
Naquela época, Araçatuba funcionava como ponto de encontro de criadores e invernistas e Garon, junto de seu pai, iam ao encontro de potenciais clientes. “Comprador de boi pra invernada. Normalmente iniciava na praça, no café, mas a boiada a gente mostrava na estrada, viajando, para não haver perda de tempo. Então negociava, dependia do destino para onde ia, aonde era a fazenda do comprador. Hoje o boi é transportado por caminhão, não tenho nem condições mais de tocar porque acabaram as estradas, acabaram os pontos de pouso, até mesmo peão pra tocar a estrada não tem mais”, disse. No entanto, o pecuarista aprovava as mudanças. “Melhorou, evoluiu muito”, acrescentou.
Sua própria fazenda seguiu esta evolução. A terminação a pasto deu lugar ao confinamento, ferramenta importante para a evolução dos negócios, conforme contou ao Giro do Boi o neto de Garon, Rodrigo. “Maximizar a produção da fazenda. A gente hoje consegue um giro muito maior do que quando era só a pasto. A gente consegue fazer um fluxo de caixa muito mais controlado porque você acaba tendo boi de acordo com a sua vontade, depende de como você monta o gado em cada setor. Mas você consegue ter boi a cada quinze dias, ou se quiser pelo menos uma vez por mês, coisa que na pecuária tradicional não acontece”, destacou Rodrigo.
“Os números mudaram bastante. Estamos tendo animais sendo abatidos a cada dia mais pesados e cada vez mais novos e sem perder em nada da qualidade, muito pelo contrário, ganhando em qualidade. Isto tem também nos surpreendido no momento da venda das nossas mercadorias. Nós estamos conseguindo agregar valor e passar esse valor para o produto de qualidade que eles vêm produzindo”, disse Rogério Lima, hoje gerente regional de originação da Friboi para os estados do Pará e Tocantins.
Ainda durante a reportagem, Garon Maia compartilhou alguns ensinamentos para os produtores da nova geração. “Primeiro lugar é procurar ser o mais correto possível, honesto, e também razoável, não querer o impossível”, declarou.
Garon Maia faleceu em um domingo, 16 de junho de 2019. Sua passagem fez com que recebesse homenagens de diversos profissionais da pecuária em um programa especial do Giro do Boi que foi ao ar no dia seguinte (relembre no link abaixo).
Reveja a reportagem especial da série Rota do Boi, com participação de Garon Maia, pelo vídeo a seguir: