Comportamento animal: aprenda a usar a rotina do boi em prol do desempenho

Veterinário reforçou importância de fazer o simples para os bois expressarem o comportamento natural e disse a equipe treinada é o “tempero” desse “feijão com arroz”

Você sabia que o boi gosta de rotina? Mais do que isso, que entender esta rotina e criar um ambiente para que o bovino expresse seu comportamento animal no estado mais natural possível pode aumentar a sua produtividade? Esta é a proposta das observações do médico veterinário Guilherme Reis, diretor da área de conhecimento da Prodap. Ele falou sobre o tema em entrevista ao Giro do Boi desta quarta, dia 20.

Segundo Reis, é simples entender o que o boi precisa para produzir. Simultaneamente, tudo que sai dessa simplicidade pode atrapalhar o desempenho.

“Se a gente der a quantidade de comida adequada para ele, uma água de qualidade, não deixar ele ficar impregnado de parasita, se ele está num grupo de animais que têm um bom convívio com ele, […] e der tempo para ele descansar… Na hora que a gente está dando isso tudo, tudo que a gente fizer diferente, nós estamos atrapalhando ele”, advertiu.

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“Então, quando eu penso bem nesse básico, é a gente fazer com que as condições mínimas que ele precisa estejam acontecendo no dia a dia das fazendas”, sintetizou.

É SIMPLES FAZER!

Em outras palavras, o veterinário alertou para mudanças drásticas com promessas de soluções milagrosas. “E a invenção de moda […] acontece porque muitas vezes a gente fica na expectativa de uma solução milagrosa para algum problema”, salientou.

Porém, por mais que a rotina seja simples e o comportamento animal possa parecer intuitivo, Guilherme defendeu a importância do treinamento da equipe para detectar cada situação e tomar decisões a partir disso.

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“Então, […] se eu sei como é a rotina do boi, eu consigo predizer como ele vai se comportar, porque os comportamentos naturais do ruminante são esperados”, explicou.

Assim como fazer o simples para manter a rotina do boi o mais inalterada o possível é o “feijão com arroz”, o “tempero” desse prato é justamente a capacitação dos vaqueiros, conforme comparou o consultor.

“O comportamento animal nada mais é do que a reação aos estímulos que a gente está dando para ele, sejam os estímulos do ambiente, do grupo em que ele está, do vaqueiro, do cachorro que ele leva para pastorear o gado com ele, da estrutura onde esse animal está. Então ele vai responder a esses estímulos”, resumiu o veterinário.

Em contrapartida, “quando a gente tem comportamentos não esperados, está tendo algum estímulo que não está legal para esse boi porque esse comportamento animal não está adequado”, ponderou.

TECNOLOGIA

Nesse sentido, Guilherme revelou que uma ferramenta está servindo para ajudar os especialistas a entenderem esse comportamento animal e ajudando nas intervenções necessárias caso algo fuja do natural. Trata-de se um colar instalado nos animais que medem distância percorrida, tempo em repouso, tempo com cabeça baixa (presume-se que esteja pastejando), entre outras mensurações.

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“O que a gente está buscando é cada vez conhecer melhor o comportamento animal para a gente saber se esse comportamento está esperado ou não para saber se a gente está dando ou não as condições adequadas para ele para a gente tomar a decisão”, explicou.

Como resultado, as informações captadas servem para o aprendizado contínuo para a melhoria da relação dos vaqueiros com os animais.

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“Com esses sensores, […] a cada cinco minutos, no máximo. a gente comunica com um sinal que a gente manda desse sensor para uma torre e a torre joga para a nuvem a informação. […] Então a gente começa a entender quantas vezes por dia esse animal foi no cocho, na água, quanto tempo ele ficou deitado, que tanto ele está andando, descansando […] para que a gente consiga correlacionar quais medidas de manejo nós estamos tomando dentro da fazenda para que a gente consiga maximizar o desempenho dele”, detalhou.

EXEMPLO PRÁTICO

Por exemplo, Guilherme lembrou da situação real em uma fazenda que está usando a ferramenta em que, num determinado período, apenas um de seis lotes observados estava pastejando ao final da tarde. Ou seja, há uma provável falta de comida naquele piquete em especial.

“O boi não fala, mas ele expressa o comportamento animal e a gente tem trabalho com os times de campo das fazendas para conhecer cada vez mais o comportamento esperado. Porque quando não é um comportamento esperado, é hora de ele tomar uma ação”, sustentou.

Em conclusão, Guilherme reuniu as recomendações para o ambiente dentro da porteira ser o mais amigável possível, oferecendo condições para o bom desempenho do gado. “Vamos focar em fazer com que as condições mínimas que o boi precisa, que é comida, água e descanso, aconteçam de uma forma simples. E treinar o time do campo”, comentou.

Pelo vídeo a seguir é possível assistir a entrevista completa com Guilherme Reis, da Prodap:

Foto: Reprodução / Prodap

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