Como tratar infestação de fungos em plantação de palma forrageira?

Telespectador de Quebrangulo-AL enviou fotos para que fosse possível identificar o problema; veja conjunto de medidas que podem ajudar o produtor

A pergunta para o quadro Giro do Boi Responde que foi ao ar nesta quarta-feira, 17, veio de um telespectador do município de Quebrangulo, no estado de Alagoas, Nordeste brasileiro. Ele enviou fotos de sua plantação de palma forrageira (veja acima em destaque) e quer saber qual pode ser o problema e como tratar.

A produção do programa entrou em contato com o engenheiro agrônomo e doutor em produção vegetal e proteção de plantas Carlos Alberto Tuão Gava, pesquisador Embrapa Semiárido, que tem sede em Petrolina-PE, para que o especialista atendesse o produtor.

“Antes de atender a consulta, eu preciso dizer que identificar o que está causando uma doença requer uma análise de laboratório e é bem difícil fazer isso através de uma fotografia, mas vamos analisar esse caso”, ponderou o pesquisador.

“Há pelo menos três fungos que podem causar sintomas semelhantes a estes da foto, mas aparentemente é uma doença conhecida como antracnose. Essa doença é causada por uma espécie de fungo do gênero Colletotrichum. Ela é uma doença bastante comum, bem conhecida porque ataca diversas culturas e, na palma, uma nova espécie foi identificada recentemente”, apontou Gava.

Mesmo que a antracnose afete a palma forrageira, não há produtos que estejam registrados para o tratamento, o que dificulta a tarefa do produtor. “Quando falamos de controle de doenças na palma, nós temos um grande problema. Não há fungicidas registrados para esta cultura. A palma é uma planta muito rústica, com poucas doenças doenças e pragas, mas em algumas condições, pode haver infecção e a doença se espalhar, causando problemas e perda de produção”, observou.

Na falta de um produto específico, o agrônomo afirmou que é necessário que o produtor rural lance mão de um conjunto de medidas que formam uma estratégia para solucionar o problema. “Já que não temos fungicidas registrados, nós precisaríamos usar um conjunto de medidas, um conjunto de estratégias para obter um controle eficiente. Na verdade, essas medidas devem ser usadas mesmo com o emprego de fungicida comum. É o que nós chamamos de manejo integrado”, observou

“A primeira coisa a fazer nesse caso específico é remover as raquetes com os sintomas de dentro da plantação. O que eu estou falando é de fazer apenas uma coleta seletiva, recolhendo especificamente aquelas raquetes que apresentam os sintomas da doença e oferecer aos animais. Não é preciso descartar. Com isso, a gente reduz a dispersão de inóculos do patógeno dentro da área e impede novas infecções, já que é a partir dessas primeiras lesões que normalmente as doenças se espalham nas plantações”, revelou.

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“A segunda coisa é fazer uma aplicação de fungicida à base de cobre. Se o foco de plantas com lesão ainda for pequeno, a pulverização pode ser realizada apenas para cobrir as plantas que foram afetadas e as plantas do entorno delas. É claro que, com isso, nós vemos que o melhor mesmo é identificar esse foco inicial, já que se reduz muito os custos com o controle”, indicou.

Gava reforçou a importância de o produtor rural consultar um profissional especialista que atue na região de sua propriedade. “A dose a ser usada desse produto vai depender muito das suas características, a concentração, o tipo de sal, a formulação, então o que a gente pode recomendar é que os produtores usem aquele com os custos mais competitivos existentes na sua região. Então eles vão precisar de uma recomendação mais específica e aí um agrônomo da região vai conseguir dar esta recomendação”, reforçou.

“Mas uma coisa é muito importante: é preciso lembrar que mesmo com baixa toxicidade, o cobre é um fungicida e deve ser aplicado sempre utilizando equipamentos de proteção individual”, alertou.

“Resumindo: aparentemente é uma doença causa por um fungo, tem boa dispersão com o vento e chuva. A prática mais eficiente de controle é começar retirando as raquetes infectadas do palmal e, depois disso, proteger as plantas no entorno dela aplicando um fungicida à base de cobre na planta afetada e nas plantas no entorno para evitar que o propágulo tenha se dispersado e aumente essa infecção. Essa estratégia tem uma boa relação custo x benefício, já que é bem barata, principalmente se nós identificarmos logo nos primeiros focos”, concluiu.

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Confira a resposta completa de Carlos Alberto Tuão Gava:

 

 

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