Ao passo que se profissionaliza, o pecuarista brasileiro está encontrando alternativas para superar uma das principais características do sistema de produção tradicional: a estacionalidade das forrageiras tropicais. Com a intensificação da cadeia produtiva e despesas vencendo mensalmente, a ideia é distribuir os abates ao longo do ano para que o faturamento siga o mesmo ritmo.
“O que nós percebemos no mercado, rodando o Brasil, é que a fazenda virou uma empresa. Se o pecuarista não programar faturamento todo mês, ela tem despesa todo mês, então no modelo da pecuária hoje, esta nova geração está enxergando a fazenda como empresa e o confinamento se adapta muito bem como a parte final de engorda, em que o animal exige maior nutrição, maior corpo técnico em cima e maior responsabilidade”, contextualizou o administrador José Roberto Bischofe Filho, gerente das unidades dos Confinamentos JBS, em entrevista ao Giro do Boi nesta terça, 14.
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Os boiteis da companhia perceberam a tendência da pecuária e já há algumas temporadas oferecem ininterruptamente os serviços de engorda para os produtores ao longo do período das águas, quando tradicionalmente não havia necessidade da terminação em cocho, viabilizando a aceleração do ciclo produtivo. “Então, um exemplo, no estado de São Paulo tem o boitel de Castilho, que você acabou de mostrar. Lá, um animal de 20@, faturando R$ 200 por arroba em média, vira um boi de R$ 4.000,00. E custo de engorda vai variar na casa de R$ 1.000,00 a R$ 1.200,00, então sobra para o pecuarista essa diferença. […] Nós acertamos com o pecuarista e ele já investe isso na sua reposição, lembrando que sempre no lugar de um boi pesado, um boi de 450 quilos, você pode colocar dois, três bezerros e aumentar o giro da sua propriedade”, exemplificou Bischofe.
“O importante é que ele não descapitaliza, aproveita seu fluxo de caixa e programa sua fazenda para estar abatendo durante o ano todo, porque aí, fazendo a média, fica muito melhor do que focar só num período do ano. […] Então o melhor cenário para o pessoal estar se adaptando é transformar as fazendas, gerando receita o ano todo, e o boitel é uma ferramenta que consegue facilitar este encaixe do faturamento do pecuarista. Colocou o boi no cocho, ele já sabe quando vai abater”, esclareceu. “Todas as unidades do boitel tem um padrão: o pecuarista não coloca a mão no bolso. Nós pegamos os animais e o custo do frete e o carrego da boia só são descontados no final da operação”, completou o gerente.
De acordo com Bischofe, nos últimos anos, os pecuaristas têm obtidos resultados positivos com a operação de engorda terceirizada. “Os nossos amigos parceiros do boitel estão faturando em média, de rentabilidade, em torno de 20%. Transformando em números absolutos, na casa de R$ 350 a R$ 400 que faturaram nas arrobas engordadas no período do cocho. O animal fica em média um período de 100 dias e, neste período, a gente consegue colocar em torno de oito arrobas (na carcaça)”, quantificou.
Além da gestão do custo de engorda, maximizando o resultado da operação, o produtor tem a possibilidade de acessar os mercados que agregam valor à sua produção. “Nosso objetivo com o boitel é proporcionar a maior engorda, a maior rentabilidade e o pecuarista acessa os mercados, mercado Europa, Protocolo Sinal Verde, demais protocolos de qualidade”, reforçou Bischofe.
O acesso aos mercados que remuneram pela qualidade da carne produzida também é uma tarefa que fica mais viável por meio da terminação nos boiteis. De todo o volume abatido nas unidades em 2019, Bischofe destacou que 85% foram animais jovens. “Nós percebemos que a era de abate do rebanho brasileiro vem diminuindo, saindo daquele animal de quatro, cinco anos, e o pecuarista gira mais. Em 30 meses você engorda um animal de 20 arrobas, é muito mais rápido o giro do que esperar um boi a pasto de quatro a cinco anos. Você consegue girar quase dois animais (no mesmo período). O que a gente vem percebendo é que o próprio pecuarista já vem baixando a era dos animais com o maior peso de abate e com maior qualidade do produto”, analisou.
E para 2020, o cenário segue promissor. “O mercado está bastante otimista, o preço da arroba do boi gordo está se estabilizando, então é um ano que promete. O ano de 2019 já foi muito bom e o ano de 2020, com cenário dos grãos, cenário da arroba do boi, os mercados de exportação e até o próprio consumo do mercado interno, será um ano com tendência para alcançar expectativas aos nossos amigos pecuaristas”, projetou o gerente dos Confinamentos JBS.
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UNIDADES
Os Confinamentos JBS estão distribuídos em oito unidades em quatro estados, com três novidades para este ano: Terenos, em MS; Castilho e Guaiçara, em SP; Lucas do Rio Verde e Nova Canaã do Norte, no MT. Em breve estarão em funcionamento também boiteis em Rio Brilhante-MS, Confresa-MT e Campo Florido-MG. “Abrangendo um raio de 400 a 600 km, será o raio médio que nós vamos atuar em cada uma destas plantas”, informou.
Informações sobre os modelos de negócios e as escalas podem ser obtidas por contato via e-mail: confinamento@jbs.com.br.
Veja a entrevista completa com José Roberto Bischofe Filho no vídeo a seguir: