Como o pecuarista pode produzir mais gastando pouco?

O que fazer quando a fazenda está descapitalizada a ponto de não poder custear reforma ou recuperação de pastagens? Vejas as dicas do consultor Mateus Arantes

Pastagens degradadas são um dos principais entraves para que o pecuarista possa usufruir de todo o potencial de sua fazenda. A baixa produtividade das forrageiras, que são o alimento mais barato para o gado de corte, precisa ser revertida para que o produtor aumente a rentabilidade de seu negócio. Mas o que fazer quando o proprietário está tão descapitalizado que não possa arcar nem com os custos da reforma, muito menos os da recuperação?

O engenheiro agrônomo esalqueano Mateus Arantes, consultor responsável por idealizar o Sistema São Matheus, falou sobre aspectos práticos que fazem parte da resolução deste problema.

“A primeira coisa é […] o pecuarista se propor a arriscar um pouco mais, abrir um pouco mais a propriedade para novos conceitos. Então a primeira coisa é ele acreditar nele. Se o produtor, pequeno ou médio, acreditar que ele é capaz de transformar a fazenda dele, ele vai fazer isto”, sustentou.

Para Arantes, é um exercício simples que o produtor precisa fazer consigo mesmo: um caderninho, duas colunas para despesas e receitas e, a partir do resultado das contas, identificar quais tecnologias, quais soluções no mercado estão disponíveis e que custam aproximadamente o que ele tem para investir.

“Qual o produtor que senta na fazenda e planeja o ano dele? Por exemplo, agora está acabando a safra. Estão acabando as chuvas e o final das chuvas é o final da safra. Será que ele planejou bem o ano dele que vem para não faltar alimento? Ou o que ele tem e o que ele vai vender? O que ele vai gastar? Vai sobrar alguma coisa para ele? É um exercício dele com ele mesmo. Não precisa de consultor, de Embrapa, de Senar. Monte lá e anote”, traduziu o agrônomo. “Pelo menos tomar pé da situação que está a fazenda dele”, acrescentou.

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Arantes usou como exemplo um trabalho desenvolvido com a sua consultoria em que um produtor da região de Camapuã-MS tinha problema com pastagens degradadas em meio aos solos arenosos comuns àquele local. Como o custo da reforma de pasto era impeditivo, a solução foi passar o link (corrente amarrada a dois tratores) para derrubar as plantas daninhas e, pacientemente, recuperar a pastagens. Caso falte capim, é possível jogar mais sementes para fazer a compensação e, deste modo, ainda que seja mais demorado, o pasto vai brotando novamente.

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“Passar um link custa R$ 100 (por hectare). Você entrar com gado e manejar com a semente custa mais R$ 150. Então com cerca de R$ 200 a R$ 300 você consegue ter pasto onde não tinha. Ou melhorar um pasto onde já tinha. Estou dando só um exemplo”, completou.

A partir deste cenário, Arantes fez uma comparação com o manejo adequado, que seria a reforma completa da área. “É o certo, certo, mas custa R$ 2.000. E às vezes tem o link na fazenda”, ponderou. O trabalho, conforme ilustrou o consultor, pode ser feito a partir de uma área restrita, como um pasto diferido para a seca com o qual o produtor nem contava. Assim ele vai testando o manejo sem pressa para ganhar, pouco a pouco, em produtividade. “Tem que analisar uma ou outra situação na propriedade para você ir elevando (o desfrute)”, aconselhou.

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“Mas o certo é fazer uma adubação completa, não é? Tem muito pesquisador, agrônomo que fala: ‘O Matheus está louco da cabeça!’. Mas o pecuarista não tem para fazer R$ 300, R$ 400, R$ 500. É fácil isto: falar que vai gastar R$ 1.000 por hectare, mas se o pecuarista tem R$ 100 ou R$ 200, vamos fazer em cima disto”, explicou.

O agrônomo falou de um outro trabalho feito em uma propriedade em que obteve bons resultados cortando custos por falta de capital para concluir a recomendação inicial. O primeiro projeto indicava a aplicação de adubo super simples, herbicidas mais o custo das aplicações por um total de R$ 93,8 mil. No meio do processo, percebendo que o dinheiro não seria suficiente, Arantes adaptou para a aplicação de ureia, herbicidas e custo da mão de obra, investindo ao todo R$ 47 mil

“A gente fez uma readequação porque no meio do processo faltou dinheiro. Ele (o pecuarista) disse que não ia ter dinheiro para fazer tudo isto aqui. […] Em vez de jogar um super simples, eu quis dar uma resposta mais rápida e uma formação mais rápida para o pasto que ele tinha. Mas isto tem que ser uma coisa técnica”, refletiu.

Arantes justificou que decisões como esta podem ser tomadas em conjunto com orientações de consultores do Senar, pesquisadores da Embrapa, por exemplo, ou espelhando o trabalho de um vizinho que tenha passado por situação similar. “Dá para fazer, sim, mas tem que ir lá, olhar, e não precisa ser um consultor. Pode ser alguém do Senar, pode ser às vezes o vizinho, pode fazer o teste em uma área pequena… Não precisa, necessariamente, ser um negócio fora do normal ou muito caro”, tranquilizou.

“Por isso eu acho que o principal objetivo do pequeno (produtor) é sentar e planilhar o que ele tem na mão. O que ele vai gastar e o que vai ter de receita este ano? E a partir daí começar a tomar estratégias de como vai fazer para recuperar as áreas dele”, reforçou.

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Segundo o agrônomo, o foco será no desenvolvimento de uma área voltada para a parte de tecnologia e inovação para incentivar e discutir a aplicação de tecnologias pelos produtores. “A ideia é fazer alguma coisa num formato rápido e com mídia digital, tipo um TED (referência às TED Talks, série de conferências realizadas por uma fundação sem fins lucrativos para a disseminação de ideias inovadoras). Então são conversas rápidas, técnicas, presenciais, com pouca gente, mas que vai abranger a parte digital do negócio”, detalhou.

Segundo Mateus, o trabalho estará bem relacionado com esta necessidade de produzir mais a partir de soluções criativas e aplicáveis mesmo por aqueles produtores com pouco capital. “Então é colocar na cabeça do pequeno e do médio (produtor) que, com pouquinha coisa, ele já pode melhorar bastante. Investindo pouco, só mudando o jeito de tocar, o jeito de produzir, enfim, o jeito de encarar a propriedade rural”, concluiu.

O contato com o consultor Mateus Arantes pode ser feito via Whatsapp pelo número (67) 9 8136 6876.

Veja no player abaixo a entrevista completa com Mateus Arantes:

 

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