Em vídeo enviado ao Giro do Boi Responde exibido nesta quarta, dia 05, o médico veterinário e consultor Ademir Ribeiro, consultor da Estância Espora de Prata, em Ariquemes -RO, e idealizador do Programa Touro Zero, esclareceu como faz o manejo alimentar de bezerros castrados ao nascimento.
O especialista aproveitou para responder ao produtor Márcio Costa, de Teixeira de Freitas, região sul da Bahia, que perguntou dicas de nutrição de bezerros castrados, como consumo de matéria seca tanto em confinamento como em TIP – terminação intensiva a pasto.
“O seu projeto tem que ser semelhante ao nosso aqui, na Espora de Prata, em Ariquemes-RO. Aqui nós fazemos o Programa Touro Zero, nós cruzamos taurinos europeus na vaca Nelore, usando muito Aberdeen Angus, Black Simental”, contextualizou.
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“Nós usamos a maior área da fazenda para as matrizes e a menor área para recria e terminação. Nós usamos até a desmama, até os oito meses de vida desse bezerro, o creep feeding, uma ração de 20% de proteína verdadeira para ele. Quando nós desmamamos, ele já sai com 8,8 arrobas para cima de peso vivo, chegando a 9@, 9,5@, até 10@. E aí eu crio um desafio na fazenda: entregar ele gordo, como carne premium, sete meses depois usando pouca área”, revelou Ribeiro
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Para otimizar o uso da área e também acelerar a terminação dos animais, a engorda é feita sempre em sistema intensivo. “Então nós construímos ou rotacionado ou os piquetões. Piquetão aqui é um pasto de dez alqueires, dividimos ele ao meio, colocamos 30 a 40 metros de cocho ali, colocamos a quantidade de gado de um lado e do outro […] e eles já começam a transformar matéria seca do capim no cocho”, acrescentou.
O veterinário detalhou a ração utilizada no processo de recria. “Essa ração é 14% com proteína, ela está um pouco acima de 70% de energia. A ideia é colocar o tecido adiposo na formação da carcaça o mais cedo possível. E como nós fazemos isso? Na desmama, a gente pega o bezerro […], manda para o rotacionado ou para os piquetões, onde eu faço a RIP, recria intensiva a pasto, e já começo a fornecer 1,5% do peso vivo dele em ração, já transformando a matéria seca da folha do capim no cocho. Então eu posso colocar dez cabeças por hectare que está tranquilo. Começou a cortar folha, eu pulo para 1,8% de peso vivo em ração. Essa ração dá uma margem de segurança fantástica, ela é de muito baixa ureia, 0,8% de ureia, e é muito rica em farelo de soja, milho, com os tamponantes, com a ração perfeita, com vitaminas, com aditivos. E aí o que acontece? eu começo ali a substituir matéria seca do capim no cocho”, explicou.
“Nós sabemos que o animal come de 2 a até 3% do peso vivo dele em matéria seca e eu vou pesando a cada dois meses esse gado. Quando ele atinge 12@, eu mando para o confinamento. Um confinamento simples, 40 x 40m, com água interna, cocho coberto, pois estamos pensando em fornecer essa carne premium o ano inteiro. Lá (no confinamento), eu adapto esses animais por 21 dias dessa mesma ração, que ele começou a comer na desmama – uma ração de 14% de proteína e rica em energia. Com 22 dias depois, ele já está adaptado e eu fecho ele”, continuou.
“(No confinamento) não tem volumoso, a estrutura física é barata. Eu faço o trato só uma vez por dia e lá eu substituo 100% do capim. Ele fica fechado mais 80 a 100 dias e, no caso dos animais meio-sangue Angus, eles têm consumido 2,5% do seu peso vivo em matéria seca. E pronto, vou abater o animal de 15 para 20 meses de idade utilizando pouca área depois que eu desmamo”, concluiu.
Ribeiro reforçou a importância de contar com uma boa consultoria de nutrição para viabilizar o sistema produtivo. “Todos os animais são abatidos zero dentes, ou dente de leite, que vai de 15 a até 20 meses de vida, e aí você consegue utilizar a sua área com uma grande quantidade de gado transformando a matéria seca do pasto no cocho. É só procurar uma fábrica de nutrição, procurar um técnico e dizer que você quer produzir uma ração de 2% do peso vivo, em que possa transformar a matéria seca na folha do capim no cocho. E aí fazer as contas do RIP, que é a recria, e da terminação, seja no TIP ou no confinamento. […] Lembrando que esses são animais castrados ao nascimento e você consegue chegar muito mais rápido nesse acabamento de carcaça e fornecer, por exemplo para o Protocolo 1953 aí que é o programa de carne premium do Friboi”, ilustrou Ribeiro.
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