Como aumentar o desempenho do semiconfinamento de gado nas águas?

Especialista deu dicas para que o sistema intensivo possa contribuir para o desfrute das fazendas de gado de corte também durante as chuvas

O zootecnista e pós-doutor em manejo de plantas forrageiras e nutrição animal João Paulo Franco, supervisor técnico comercial da DSM, concedeu entrevista ao Giro do Boi desta quarta, dia 03, para falar sobre semiconfinamento de gado nas águas.

A princípio, o sistema é utilizado com mais frequência na seca, quando há oferta menor de forragem. Porém, com alguns ajustes em pontos sensíveis, o semiconfinamento de bovinos pode contribuir para acelerar a engorda em meio à safra.

POR ONDE COMEÇAR

Em primeiro lugar, Franco disse que o pecuarista deve entender a importância da pastagem para o sistema de semiconfinamento de gado. “O primeiro passo quando a gente fala em semiconfinamento é o nosso amigo produtor ter a ciência de que o pasto é uma parte integrante da dieta dos animais”, confirmou.

“Por que eu estou dizendo isso?”, indagou o especialista. Em síntese, justificou o supervisor, “nós vamos entrar com uma suplementação na casa de 0,8 a 1,2% do peso vivo e isso quer dizer que 60% da necessidade desses animais são supridos única e exclusivamente pelo pasto”.

“Dito isso, nós estamos trabalhando, então, com um sistema produtivo que normalmente fica mais popular entre os pecuaristas no final do período das águas. […] Normalmente o pessoal começa a fechar os animais ali em março para que esse animal seja finalizado, terminado ali em maio, mais ou menos, antes do início do período da seca mesmo”, ilustrou.

Deste modo, o pecuarista potencializa a taxa de lotação em um período médio de 100 dias. “Eu consigo aliviar a taxa de lotação da fazenda no período mais crítico, que é na entressafra do capim, no período de estiagem, na seca, pensando no Centro-Oeste, que seria a falta de chuva e a redução do crescimento do capim”, explicou o especialista.

USANDO O SEMICONFINAMENTO DE GADO NAS ÁGUAS

Logo depois, Franco chamou atenção para algumas dicas para aplicar o semiconfinamento de gado nas águas, logo no começo da estação chuvosa.

“Qual é a dificuldade imposta pelo clima nesse período? A questão das chuvas. Então eu tenho uma dificuldade na questão logística, tanto para fornecimento quanto de consumo dessa ração pelos animais”, salientou.

Logo, superar as dificuldades de logística causadas pelas chuvas é essencial para o sucesso do semiconfinamento de gado nas águas.

CRIANDO HÁBITOS

Em outras palavras, o especialista justificou sua preocupação. “Quando a gente pensa em semiconfinamento, o primeiro ponto é rotina. […] Então eu preciso ter um horário de fornecimento. […] Eu não posso deixar que esse boi tenha que ficar ‘amassando barro’ em volta do cocho”, advertiu.

“Portanto eu trago esse animal e eu tenho um horário, uma rotina de fornecimento do trato. Qual o melhor horário? Normalmente são os horários mais quentes do dia, quando normalmente o animal não vai estar pastando. Ele procura uma sombra, deita, vai ruminar, e aí eu trago esse animal para a praça de alimentação e faço com que ele consuma essa parte proteica, essa parte concentrada da dieta dele”, orientou.

Por exemplo, se o pecuarista tem muitos lotes no sistema de semiconfinamento de gado nas águas, ele deve ser programar para que cada lote receba a parte concentrada da dieta no mesmo horário.

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“Não há problema, desde que eu tenha rotina. Se eu começo a fornecer às 7h a ração para um determinado lote, amanhã eu não posso fornecer às 10h porque ele entende que às 7h essa ração vai estar no cocho. Então ele vem para a praça de alimentação e aí ele fica esperando a dieta chegar e não pasta”, exemplificou.

“Ou seja, esse animal que come, volta para o pasto para continuar consumindo pasto tende a ter um desempenho melhor do que o que ficou ali amassando barro e está apenas esperando a dieta chegar”, complementou.

LOTAÇÃO NO SEMICONFINAMENTO DE BOVINOS

De acordo com João Paulo, a lotação média de gado a pasto é de 1 unidade anima, por hectare. “Ou seja, um animal de 450 kg de peso vivo por hectare”, explicou.

No semiconfinamento, a lotação pode passar dos três animais por hectare. Por outro lado, o zootecnista informou também a lotação potencial do confinamento expresso, também conhecido como piquetão ou TIP, em que os animais podem comer até um pouco mais de 2% do peso vivo em concentrado.

“Quando eu vou para o piquetão, eu vou trabalhar podendo chegar a até oito a dez animais por hectare. Então muda de forma monstruosa a taxa de lotação entre 90 e 120 dias, proporcionando, assim, um alívio da fazenda no período mais crítico”, disse.

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SEMICONFINAMENTO DE NOVILHAS DE CORTE

Do mesmo modo que serve para a terminação, o semiconfinamento de gado pode ser uma ferramenta para preparar as fêmeas para a estação de monta.

“Então não é só a questão do macho, do abate. Nós podemos trabalhar tanto com o macho e fêmea para o abate, como preparar as fêmeas para a estação de monta. Eu tenho um desafio grande com a questão de precocidade de fêmeas. Por isso a gente pode trabalhar com essa ferramenta para ambos os casos”, confirmou.

semiconfinamento de novilhas de corte

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Em síntese, João Paulo Franco falou ainda sobre o uso de aditivos na formulação da dieta de semiconfinamento, a sustentabilidade semiconfinamento de gado e ainda pontuou as diferenças entre semiconfinamento e confinamento expresso, TIP (terminação intensiva a pasto) ou piquetão.

A entrevista completa sobre semiconfinamento de gado nas águas está disponível no player a seguir:

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