Você sabia que enxerga apenas 5% da população de carrapatos presente na sua fazenda? Isto acontece porque os outros 95% de todos os parasitas estão espalhados pelo pasto. Para ajudar o pecuarista que tem problema com a praga, o Giro do Boi levou ao ar nesta quarta, 06, uma entrevista com o médico veterinário e gestor de demandas de sanidade e reprodução da Boehringer Saúde Animal Gustavo Ilha. Ele repassou recomendações técnicas para o controle do carrapato e ainda dicas para evitar a resistência aos produtos disponíveis no mercado.
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O carrapato representa um dos maiores problemas atuais do pecuarista do Rio Grande do Sul, pois na região a incidência forte de chuvas e as temperaturas altas, clima típico do verão, formam um ambiente propício à sua proliferação.
Além disso, as temperaturas acima da média no inverno não estão sendo baixas o suficiente para quebrar o seu ciclo, aumentando a sua infestação. O problema é agravado ainda pelas principais raças bovinas presentes nos campos do RS, pois animais Angus e Hereford, por exemplo, têm menos resistência ao parasita. “Antigamente tínhamos três a quatro ciclos do carrapato por ano. Hoje ele não para mais no inverno e as infestações aumentam por conta de vários fatores”, afirmou Ilha.
Um destes fatores é o transporte de animais adquiridos, por exemplo, em leilões. Como explica o veterinário, o carrapato tem alta capacidade de se ambientar e criar resistência ao meio em que está inserido. “A gente comenta muito a questão da compra porque há muito trânsito de animais no Rio Grande do Sul e a única forma de transportar carrapatos resistentes de uma propriedade para outra é através da compra. Por isso é importante ter um protocolo de entrada para prevenir a introdução dessas cepas resistentes”, recomendou Gustavo.
Outra indicação do especialista é o uso de um rodízio de moléculas que fazem o controle do carrapato. Por sua capacidade de resistência aos princípios ativos disponíveis, este é um desafio que é maior a cada ano. “Se o proprietário da fazenda ou o gestor não tem conhecimento dos princípios ativos ou armas para o combate ou não utilizar da maneira adequada, com rodízio de moléculas, o período de carência e as épocas de utilização, ele não vai conseguir ter controle adequado”, informou.
Por isso é essencial, segundo o veterinário, consultar um profissional capacitado para formulação de um calendário sanitário para a sua fazenda. “Muitos pecuaristas decidem o produto a ser utilizado quando chegam no balcão da loja agropecuária. Isso é um problema porque quem vai vender não sabe o histórico da propriedade, dos princípios ativos que já foram usados, os desafios. Não é planejado e essa falta de planejamento pode levar à resistência”, alertou.
Veja a entrevista completa e todas as recomendações pelo vídeo abaixo: