Com tecnologia adaptada ao Brasil, empresa lança ‘tronco mais rápido do mundo’

Tronco de contenção hidráulico dispensa a energia elétrica, o que facilita seu uso por mais fazendas de pecuária pelo país

Embora o Brasil seja reconhecido por ser um dos principais produtores de carne bovina do mundo, a pecuária de alta produtividade ainda está mal distribuída. Ora por erros na gestão do produtor, ora por falta de infraestrutura necessária para o uso de tecnologias. Mas com a proposta de facilitar a inovação dentro das nossas porteiras, uma empresa adaptou uma destas tecnologias à realidade brasileira e lançou, no ano passado, o “tronco hidráulico mais veloz do mundo”.

Para fala deste tema, o Giro do Boi recebeu em estúdio nesta quinta, dia 05, a CEO da empresa Romancini Troncos & Balanças, Luisângela Romancini de Carvalho, formada em direito pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, mestra em ciências sociais aplicadas e especializada em direito aplicado pela Escola da Magistratura do Paraná.

Lu Romancini passou a integrar as atividades diárias da empresa há quatro anos, em 2016, a convite de seu pai para tornar o processo de sucessão mais suave, e foi quando começou a se familiarizar com a agropecuária. “Me apaixonei”, lembrou a executiva.

Antes de intensificar a produção, intensifique a gestão

Romancini contou brevemente a história da companhia, fundada pelo avô em 1960, e que a princípio era dedicada à fabricação de carrocerias para automóveis. A partir de uma encomenda especial de um pecuarista, passou a se dedicar à fabricação de troncos de contenção e chegou a até fabricar cochos para sal mineral, produtor que saiu de seu portfólio posteriormente para se dedicar ao ramo de troncos e balanças. Atualmente, a empresa conta com escritórios em Ji-Paraná-RO, em Uberaba-MG, no Parque Fernando Costa, em Goiânia-GO, em Cuiabá-MT e conta ainda com parceiros estratégicos de distribuição em todo o país e cerca de 200 representantes ao todo.

Segundo a executiva, sua função na Romancini foi profissionalizar a empresa, que até então tinha um modelo de gestão mais familiar. “A Romancini cresceu e hoje ela é um nome reconhecido nacional e internacionalmente, mas nós não tínhamos alguns setores específicos que necessitava na empresa, então eu passei a trazer para dentro da companhia esta profissionalização, um maior controle de processos”, comentou.

Ela sentiu na pele os problemas da sucessão no agro e tornou-se especialista no assunto

“Mentalidade de empresário deve ser maior que a de fazendeiro”, aconselha consultor

No ano passado, por exemplo, a empresa ganhou mais projeção ao lançar, durante a Agrishow, em Ribeirão Preto, o RVeloz, chamado de “o tronco mais rápido mundo”. Para que fosse aplicável à realidade das fazendas de pecuária brasileiras, foi necessário adaptações no implemento.

Segundo a executiva, a empresa poderia usar a tecnologia de automação, já existente e utilizada em países com mais infraestrutura, como Estados Unidos, por exemplo, para a mesma função. No entanto, o fator limitante era o uso de energia elétrica. “Como ele precisa da eletricidade e como parte das fazendas, nos currais, tem esse problema (de falta de energia), nós verificamos que isso não estava atendendo necessidade do pecuarista. E o tronco hidráulico é mais simples. Se for pensar, até na questão da própria assistência técnica, se vier a acontecer algum problema, porque tudo que é automatizado (é mais complicado)”, ressaltou.

“O tronco hidráulico veio para juntar justamente a questão da facilidade no manejo. Todos os nossos produtos seguem as normas regulamentares da Secretaria do Trabalho para que o operador tenha segurança, para o bem-estar animal também. E aí nós temos também a questão da sustentabilidade. Esse tronco ele é feito todo em aço tratado. [..] Nós extinguimos os banhos químicos e ele também é feito com polipropileno, então também não vai madeira neste tronco, seguindo esta tendência que nós temos agora eliminando aos poucos o uso da madeira nos troncos de contenção”, detalhou.

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O equipamento permite a regulação independente de cada articulação e pode ajustar velocidade com base na necessidade de um manejo específico. Para que os animais não se assustem com o trabalho, paineis e portões são totalmente vedados, reforçando preocupação com bem-estar de bovinos, que não têm visão da área externa do tronco. Pela facilidade com que pode ser operado, o manejo pode ser conduzido por mulheres e, inclusive, houve exposição recente do produto em edição do Congresso Nacional das Mulheres do Agro.

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O desafio da empresa agora, segundo a executiva, é fazer a mudança de mentalidade do pecuarista para que ele esteja atento à necessidade de usar tecnologias básicas, como tronco de contenção e balança, em sua fazenda. “Nós trabalhamos buscando exatamente a mudança do mindset do pecuarista. Ele compra uma camionete de R$ 150 mil, mas não compra uma balança, que custa R$ 8 mil ou R$ 9 mil. E qual é a lógica? Ele só compra camionete porque ele vendeu gado […] É uma questão de mudança do mindset do pecuarista”, sustentou.

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“Nós temos dentro do nosso site o blog, que é informativo, nas nossas redes sociais também para que eles enxerguem a necessidade que existe realmente do tronco de contenção e da balança para verificar o ganho de peso porque ele precisa mensurar isto. […] Nós estamos tentando fazer uma conscientização do pecuarista porque é um produto de alto valor agregado, tronco e a balança, mas ele te dá benefícios e rentabilidade no final”, salientou.

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Veja a entrevista completa com Lu Romancini pelo vídeo abaixo:

 

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