Cinco dicas para ajudar o pecuarista a embarcar gado na época das chuvas

Em 2017, quase 25 mil cabeças tiveram a escala de abates remanejada por conta de atrasos no transporte na época das chuvas; saiba como amenizar o problema

Nesta quarta-feira, 17, o Giro do Boi mostrou uma série de entrevistas e imagens sobre a dificuldade da logística que leva o boi gordo das fazendas até as indústrias por todo o Brasil durante a época das águas. Os problemas se concentram nas estradas não pavimentadas, que não oferecem condições para a passagem dos caminhões boiadeiros.

“Infelizmente é algo constante. Todo ano acontece e a gente tem que aprender a lidar com isso. São praticamente 1500 veículos e motoristas enfrentando essa batalha e o trabalho é árduo”, pontuou o engenheiro agrônomo e coordenador de logística da JBS, Leonardo Vieira, em conversa com o apresentador Mauro Sérgio Ortega.

Apenas em 2017, foram quase 25 mil cabeças retiradas das escalas de abate das indústrias da companhia por conta de problemas no transporte do boi gordo, com concentração dos atrasos no mês de fevereiro. Mas em 2018 o cenário deve ser um pouco diferente. “Como no ano passado a gente teve um ciclo de chuvas atrasado, a nossa rotina vai acabar modificada nesse formato até maio”, estimou Vieira. “Estamos vendo para este ano que este pico de fevereiro não vai existir. Vai haver uma constância linear mais alta do que foi em 2017”, complementou.

Chuva ou sol: o que esperar na pecuária para 2018?

Outra alteração para 2018 em comparação com 2017 é que após o atraso das chuvas ao fim do ano passado, a chegada das águas foi mais intensa. “Neste ano, como as chuvas atrasaram um pouco, elas vieram maiores e mais intensas, então a gente está tendo esse problema de atraso desde o final de dezembro até agora. Além desse atraso, a gente tem necessidade de um volume maior de frota, porque o tempo de viagem aumenta, a questão da manutenção desses veículos é mais forte, além da manutenção preventiva que nós já fazemos, a manutenção de conserto é intensificada porque há mais quebras neste estágio”, ponderou.

Mas o problema pode ser amenizado com uma série de atitudes que podem partir do próprio pecuarista. “O principal modo de o pecuarista ajudar é com informação. À partir momento em que ele consegue antecipar informações para nós sobre a rota, a região, uma ponte ou desvio, ele nos auxilia muito. Assim a gente consegue antecipar para o nosso time de motoristas a rota melhor pra chegar na fazenda, o horário melhor para chegar, por exemplo, com boa luminosidade”, explicou o escalador de Barra do Garças-MT Samuel Borges por telefone no Giro do Boi desta quarta, 17.

O escalador é o profissional responsável por fazer a logística dos veículos boiadeiros de uma unidade, desde o momento em que é aberta a demanda de viagem pela originação (compra de gado), repassar detalhes da viagem para o motorista com a programação prevista, como horário e rotas, e fazer o acompanhamento do movimento.

“É um período crítico, mas a gente vê uma luz no fim do túnel, que é a oportunidade de estar em contato maior com o pecuarista. A gente tem oportunidade de reforçar nossos laços de amizade e parceria com o fornecedor e, no momento em que tem essa amizade, essa parceria, ele vai nos informar antecipadamente e nos dar todo o apoio possível. Então a palavra que a gente deixa é parceria com o nosso amigo pecuarista”, reforçou Borges.

“Nesse momento em que a gente enfrenta a chuva, a gente precisa antecipar informações e sempre unir forças com os pecuaristas para a gente superar os obstáculos. A gente sabe que as estradas, principalmente as vicinais, que não são pavimentadas, não têm manutenções preventivas de adequações ao longo do ano e o que temos que fazer é nos unir”, acrescentou também por telefone Márcio Salaber, gerente do segmento boiadeiro da transportadora TRP.

A empresa tem investido constantemente em bem-estar animal por meio da adaptação de carretas e implementação de novas tecnologias para garantir melhores condições de transporte. “A gente não tem poupado investimento na busca pela melhoria, principalmente em relação ao bem-estar animal e a condição desse animal ser transportado. São investimentos em carretas novas, com elevadores que evitam maiores índices de hematomas e contusões, diminuindo o estresse do animal. E neste período nós também temos investido intensamente e de forma muito dinâmica na reciclagem de 100% dos nossos motoristas colaboradores, que são o nosso time de campo, justamente para poder aprimorar e retomar as energias porque nesse período a gente tem que exercer a atividade com muita virtude, comprometimento e calma. Afinal, a preocupação não é apenas para o boi chegar à indústria, mas chegar com esses animais em perfeitas condições, sem machucado e acidentes”, finalizou.

5 dicas para amenizar problemas no embarque do boi gordo

Para resumir o recado ao pecuarista, o coordenador de logísticas Leonardo Vieira listou uma série de cinco dicas para amenizar os problemas de transporte do boi gordo na época das chuvas. Veja abaixo:

1 – Flexibilizar horário de embarque, possibilitando a operação no período da manhã ou tarde;

2 – Antecipar informações de roteiro, estradas, curral, animais e auxiliar na escolha do maior veículo possível;

3 – Disponibilizar equipe para agilizar o embarque;

4 – Em propriedades distantes do frigorifico, programar abate com mais antecedência;

5 – Ter a documentação de transporte regularizada, conferida e em mãos antes do embarque.

Confira a entrevista completa de Leonardo Vieira, Samuel Borges e Márcio Salaber pelo vídeo abaixo:

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