MERCADO DO BOI

Ciclo pecuário: Brasil abate 15% a mais de fêmeas em 2022

Confira o balanço de 2022 e as tendências para o mercado brasileiro de bovinos de corte para 2023 na entrevista com o zootecnista Eduardo Pedroso, diretor executivo de Originação da Friboi

O ciclo pecuário brasileiro está de mudança. É nesse momento em que há a troca da retenção para o abate de fêmeas bovinas. Este ano, por exemplo, o Brasil já abateu 15% a mais de vacas em relação a 2021. Assista ao vídeo abaixo e confira esses detalhes.

Quem apresentou o balanço do ano do mercado foi o zootecnista Eduardo Pedroso, diretor executivo de Originação da Friboi. Ele foi o entrevistado no programa Giro do Boi desta quinta-feira, 22.

O abate de 15% a mais de vacas e novilhas chegou a cerca de 1 milhão de cabeças em 2022.

“Tudo indica que o ano que vem será um ano de maior desfrute em relação a este ano”, diz Pedroso.

Ciclo pecuário acontece de 5 em 5 anos

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Bovinos de corte em área de pasto da fazenda. Foto: Reprodução

De cinco em cinco anos, o ciclo pecuário acontece naturalmente, caracterizando, ora um período de oferta baixa de bovinos de reposição, ora um período de oferta alta de gado no mercado.

“Quando se pega a curva histórica dos últimos cinco anos, o abate foi caindo e agora ele começa a voltar. Isso é normal. De cinco em cinco anos, isso acontece”, diz Pedroso.

O ciclo pecuário acontece por conta da onda dos preços do bezerro. Em épocas de escassez dessa categoria de bovino, o preço do animal sobe.

É o momento em que os pecuaristas seguram as suas vacas para produzir mais bezerros e aproveitar a onda dos preços bons de venda desse animal.

Conforme o mercado vai acumulando a oferta de bovinos de reposição, a retenção deixa de ser atraente e faz com que a aposta do produtor seja no descarte de fêmeas.

Balanço do mercado pecuário nos últimos 5 anos

Peão conduzindo bovinos em área de pastagem. Foto: Reprodução

O pecuarista que conseguiu aproveitar as oportunidades se deu bem nesses últimos cinco anos.

Um dado relevante sobre isso foi a evolução do ágio do boi pago ao produtor, comparando a média de preços da arroba do boi nos anos de 2018 e 2022.

“O ágio cresceu 120%, o que é uma correção importante para a base do produtor”, diz Pedroso.

Associado a essa evolução de ganhos, o perfil de abate de bovinos da Friboi mudou no País, em termos de peso e idade.

A média de peso das carcaças bovinas era de 18,5 arrobas em 2018 e este ano está passando de 20 arrobas.

Quanto à idade, em 2018, 70% dos abates eram de bovinos de até quatro dentes. Essa taxa foi para 88% de bovinos com até quatro dentes em 2022.

Em 2023, o foco deve ser redobrado na gestão da fazenda

Produtor acompanhando a evolução dos índices da fazenda. Foto: Divulgação

As tendências apontam para um pico nos custos por conta de investimentos do produtor. São custos demandados por conta da adoção de tecnologias como genética, nutrição e sanidade para a manutenção da produtividade na fazenda.

Apesar de uma retração esperada no mercado de exportação e um mercado interno ainda enfraquecido, é importante lembrar que o mercado de carne bovina voltará a demandar.

E o produtor, para não perder a oportunidade, deverá ter um foco redobrado na gestão da propriedade. 

“Cada vez mais seremos dependentes da exportação e 85% dos mercados requerem animais jovens de até 30 meses”, diz Pedroso.

Este tipo de bovino precisa de pasto de qualidade, suplementação, uma sanidade devidamente assegurada e uma boa genética que garanta mais potencial na engorda.

Confira a entrevista na íntegra no vídeo acima com detalhes do mercado de carne premium que passa até conquistar o mercado externo.

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