
Zootecnista Alexandre Zadra explica os resultados do cruzamento entre o taurino europeu e o zebuíno mocho Tabapuã, destacando a habilidade materna e rusticidade dos filhos
No quadro Perguntas e Respostas do Giro do Boi, o pecuarista Edimar Oliveira, de Belmiro Braga, Minas Gerais, trouxe uma dúvida interessante: se o cruzamento do Charolês com Nelore deu origem à raça Canchim, o que podemos esperar ao cruzar o Charolês com o Tabapuã? A resposta veio com o zootecnista Alexandre Zadra, especialista em genética e cruzamentos industriais. Veja o vídeo:
Segundo Zadra, o cruzamento entre Charolês e Tabapuã tem sim potencial para gerar animais de alta qualidade, semelhantes ao Canchim, mas com algumas vantagens específicas — principalmente na questão da habilidade materna e rusticidade.
Composição equilibrada entre taurino e zebuíno
O especialista explica que a maioria dos compostos formados no Brasil, como o próprio Canchim, segue a fórmula de 5/8 de uma raça taurina (europeia) com 3/8 de uma raça zebuína. O objetivo é unir o desempenho de carcaça dos europeus com a adaptação ao clima e rusticidade dos zebuínos.
“O Tabapuã se destaca entre os zebuínos pela excelente habilidade materna e pelo fato de ser mocho, assim como o Charolês americano. O cruzamento entre os dois resulta em animais 100% mochos, o que é uma grande vantagem no manejo”, afirmou Zadra.
Características do cruzamento Charolês x Tabapuã
- Alto desempenho de carcaça, herdado do Charolês.
- Habilidade materna superior, vinda do Tabapuã.
- Animais mochos, o que facilita o manejo e reduz lesões.
- Mais couro, ou seja, animais com mais barbela e resistência ao calor.
- Bom temperamento e rusticidade, ideais para regiões quentes.
“Se a intenção é formar um composto com maior habilidade materna e rusticidade sem abrir mão da musculosidade, o Tabapuã é uma excelente escolha”, reforça o consultor.
Alternativa para formar linhagens compostas
Além do tradicional cruzamento Charolês x Nelore, o uso do Tabapuã no lugar do Nelore pode entregar produtos finais com grande potencial para seleção e produção de touros compostos, ampliando a base genética e promovendo diversidade sem perder qualidade.
“Esse tipo de cruzamento abre portas para formar um Canchim mais produtivo em habilidade materna, com excelente desempenho em campo”, conclui Zadra.