
A adubação líquida no pasto ainda gera dúvidas entre os pecuaristas, principalmente sobre sua real eficácia e se pode, de fato, substituir o uso dos fertilizantes convencionais. Assista ao vídeo abaixo e confira o veredito de quem entende do assunto.
Quem esclareceu essa questão foi o engenheiro agrônomo Wagner Pires, especialista em pastagens pela Esalq-USP e autor do livro Pastagem Sustentável de A a Z, no quadro Giro do Boi Responde, desta segunda-feira, 14 de julho.
A dúvida partiu do produtor César Ribeiro, de Luziânia (GO), que trabalha com Braquiária brizantha Marandu (o popular braquiarão).
Adubação líquida não é completa
A resposta de Wagner foi direta: não, a adubação líquida não pode ser considerada uma adubação completa.
“Ela é uma ferramenta de nutrição de curto prazo, não substitui os fertilizantes de solo, que têm ação prolongada”, alertou o agrônomo.
Segundo ele, muitos produtos disponíveis no mercado têm baixa concentração de nutrientes e não oferecem o efeito duradouro de uma adubação tradicional.
Uso estratégico pode trazer bons resultados
Mesmo sem substituir a adubação convencional, a adubação líquida pode ter valor estratégico, desde que usada no momento certo e com produto de qualidade. Wagner explicou que sua aplicação pode ser vantajosa em períodos de transição, como:
- Antes da seca, quando o capim ainda está realizando fotossíntese;
- No início das chuvas, para acelerar o rebrote do pasto;
- Após estresse por ataque de cigarrinha, para recuperação mais rápida da planta.
Nesses casos, a ação da adubação líquida é rápida e localizada, podendo melhorar temporariamente a qualidade e a produtividade da forragem por cerca de 30 a 60 dias.
Cuidado com produtos de baixa qualidade
Outro ponto importante destacado por Wagner Pires é a atenção à procedência dos produtos. Muitos itens vendidos como adubação líquida são, na verdade, “água com açúcar”, segundo ele.
“Tem muito produto de baixa qualidade no mercado, por isso é preciso verificar se o que está descrito na bula realmente está presente na composição”, reforçou.
A recomendação é clara: não substituir o manejo tradicional do solo por soluções de efeito curto, principalmente quando se fala em produtividade sustentável ao longo do ano. A adubação líquida deve ser entendida como um complemento, e não como substituto.
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Qual a diferença entre adubação e nutrição foliar?
A adubação sólida tradicional (como o uso de fertilizantes no solo) tem efeito prolongado, de até dois anos, com impacto direto na estrutura e fertilidade da terra.
Já os produtos líquidos aplicados por pulverização têm ação dentro da planta, mas com resultado limitado no tempo.
“É importante entender que o líquido tem ação mais rápida, mas dura pouco. Serve para momentos pontuais. Já o fertilizante no solo vai sustentar a planta por muito mais tempo”, explicou Wagner.
Quando usar, e quando não usar?
A adubação líquida no pasto pode ser usada como aliada do pecuarista quando:
- Há transição de estações, seca ou chuva;
- O produtor precisa recuperar o vigor do pasto rapidamente;
- Há situações emergenciais, como ataque de pragas.
Porém, ela não deve ser usada como única fonte de nutrientes, nem aplicada esperando efeito de longo prazo. A orientação final de Wagner Pires é clara: “Use com consciência, como apoio ao manejo do solo, e sempre com critério técnico”.
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