Brasil tem ao menos mais uma fronteira agrícola a ser descoberta

Solos arenosos estão presentes em 8 a 10% das áreas da agricultura no Brasil; pesquisas viabilizam alta produtividade nos terrenos até então relegados

Um dos maiores desafios da agropecuária no Brasil, a produção em solos arenosos, está ganhando um aliado cada vez mais forte: o avanço das pesquisas de entidades como a Embrapa. Quando as técnicas descobertas pelos pesquisadores, como o plantio direto, são aplicadas a estes solos mais pobres, com correção de fertilidade e sequência adequada de rotação de culturas, o resultado se traduz em alta produtividade e competitividade frente à agricultura praticada em outras fronteiras agrícolas. Este foi o tema da reportagem da série especial Embrapa em Ação, reproduzida no programa desta sexta-feira, dia 03.

Quem falou sobre o assunto foi o pesquisador da Embrapa Solos Pedro Luiz de Freitas, engenheiro agrônomo, mestre em hidrologia aplicada, doutor em agronomia e ciência do solo e pós-doutor pelo IRD/França. De acordo com Freitas, cerca de 8% a 10% do solos das áreas da agropecuária no Brasil são arenosos, ou seja, possuem menos que 15% de argila. Por isso a metodologia que pudesse levar alta produtividade a estas áreas significaria praticamente a abertura de uma nova fronteira agrícolae sem a necessidade expandir a área que o Brasil destina ao agro atualmente.

Como o pecuarista pode produzir mais gastando pouco?

“O que viabilizou essa agricultura em solos arenosos foi o sistema plantio direto, quando nós começamos a aplicar o conceito de que não se deve arar e gradear o solo, que se deve fazer uma rotação de culturas, que se deve manter culturas de cobertura, que se deve fazer o controle de tráfego. Aí nós conseguimos as altas produtividades nestes solos arenosos” apontou.

Outro ponto fundamental para alcançar níveis competitivos de produtividade nestes terrenos é saber diferenciar os solos arenosos, que podem ser compostos por diferentes texturas de areia. A areia fina, por exemplo, torna o ambiente mais favorável para a agricultura por facilitar retenção de água e o aumento do nível de matéria orgânica, retendo os nutrientes.

Entre as vantagens competitivas de usar estes solos, conforme apontou o pesquisador, está o fato de que muitas vezes as áreas estão próximas às capitais do Centro-Oeste e do Sul do País, com condições de logística privilegiada, perto dos grandes centros e mercados consumidores.

Qual o “pulo do gato” para recuperar a produtividade em solos arenosos?

Freitas disse ainda que, além da agricultura, a pecuária também pode ser beneficiada porque em muitos solos do Cerrado, por exemplo, a forrageira indicada para fazer a cobertura do solo para o plantio direto é a Brachiaria ruziziensis. Com a pastagem formada para cumprir posterior papel de proteger o solo, o produtor pode aproveitá-la ao longo de seu ciclo produtivo para engordar bovinos.

O agrônomo reforçou ainda que para alcançar todo o potencial produtivo destes solos arenosos, o produtor deve buscar especialistas que possam indicar o melhor manejo do solo.

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Mais informações a respeito das pesquisas sobre alta produtividade em solos arenosos podem ser obtidas pelo e-mail do pesquisador, pedro.freitas@embrapa.br.

Veja a entrevista completa com Pedro Freitas no vídeo abaixo:

 

Foto: Aldemir Fontana / Reprodução Embrapa

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