O programa nasceu para formar técnicos especialistas em transferência de tecnologias voltadas a um melhor manejo de pastagem pelo pecuarista de corte, mas a observação do que estava acontecendo no campo mudou seu escopo. O Bifequali TT, uma iniciativa da Embrapa para capacitar extensionistas lançada em 2012, acabou mudando o foco para melhorias da gestão da propriedade rural como um todo e já colhe resultados expressivos tanto para os profissionais formados quanto para as fazendas participantes.
“No início do programa, no nosso entendimento, o principal gargalo era produção de forragem, equilibrar a produção de forragem com a demanda de comida pelos animais, ou seja, equilibrar o rebanho com a produção de forragem. Mas com o andamento do programa e com os feedbacks dos técnicos, nós acabamos nos atentando e percebendo que o principal gargalo ainda é a gestão, é anotar os dados do que acontece na propriedade, ter bons índices, índices realistas de desempenho dos animais, índices zootécnicos e econômicos, controle de fluxo de caixa, planejamento de pelo menos 12 meses em termos físicos e financeiros, isso ainda é o principal gargalo das propriedades”, revelou o engenheiro agrônomo Adílson Malagutti, analista da Embrapa Pecuária Sudeste, em reportagem exibida no Giro do Boi desta sexta, 06, parte da série Embrapa em Ação.
Segundo Malagutti, o programa serve para ajudar o produtor a tomar decisões em meio a uma era de muitas informações disponíveis. “Por mais contraditório que possa ser, este excesso de informações que existe, a disponibilidade monstruosa de informação na internet, nas mídias sociais, acaba complicando a vida de quem vai adotar as tecnologias porque na hora de escolher, como eu faço para aplicar os critérios adequados? Então a gente vem incentivando e estimulando os produtores que contem com um técnico”, recomendou.
O analista destacou que os técnicos ajudam o produtor a decidir questões como mineralização, sistema de terminação, manejo de pastagens, adubação, nutrição, genética, tudo para que o pecuarista possa focar se dedicar melhor à gestão do conjunto. “Este técnico traz para a propriedade um olhar mais técnico mesmo, de cálculos agronômicos e zootécnicos para que o produtor possa se dedicar à gestão. […] Para o produtor, é um negócio e como tal deve dar resultado porque se não der resultado ou traz dinheiro de fora para manter ou vai acabar quebrando, inviabiliza inclusive a sucessão”, advertiu.
Hoje o programa tem aproximadamente 30 técnicos em treinamento atendendo ao menos uma Unidade Demonstrativa da Embrapa nos estados de São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Os indicadores de desempenho destas propriedades são acompanhados mais de perto pela empresa de pesquisa, mas cada profissional em formação faz atendimento a até outras 25 propriedades de perfis diversos. “Os resultados mostram incremento de 10% de melhoria na produtividade e resultado financeiro das propriedades atendidas pelos técnicos”, ressaltou.
“Propriedades acompanhadas pelo programa Bifequali de Transferência de Tecnologia, da Embrapa Pecuária Sudeste, tiveram um incremento de 30% na produtividade num período de cinco anos, em média. Além disso, o benefício econômico acumulado entre 2013 e 2018 ultrapassou R$ 23 milhões”, divulgou a Embrapa em nota.
O produtor que tiver interesse em colocar à disposição sua propriedade para os técnicos em formação podem reunir mais informações e entrar em contato com a Embrapa pelo site do Bifequali TT.
Veja a reportagem completa pelo vídeo abaixo:
Foto: Gisele Rosso / Reprodução Embrapa