A pecuária brasileira está cada vez mais acelerada no País, especialmente por conta da valorização da arroba do boi gordo e das exportações de carne. Isso refletiu um crescimento no volume de vendas de 18% nos anos de 2020 e 2021, segundo o doutor em zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Juliano Sabella Acedo, o mais novo presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram). Ele é também diretor de Marketing e Serviços Técnicos da DSM, empresa de nutrição animal dona da marca Tortuga. Mesmo com a alta de preços no mercado, para ele o investimento está valendo muito a pena.
“Tivemos problema com matéria-prima no início da pandemia. Isso começou a se normalizar em 2021, mas, até agora não faltou matéria-prima no mercado. O que acontece é que, como tem escassez, o preço realmente é impactado, por causa da lei da oferta e demanda. Mas a conta do pecuarista ainda está fechando. O produtor realmente investe em tecnologia quando recebe algum estímulo, como foi o caso das exportações e da valorização da arroba”, diz Acedo.
O dirigente da Asbram foi o entrevistado no Giro do Boi desta quinta-feira, 14, para falar sobre o atual momento do mercado, como anda a adoção de tecnologia de nutrição e os próximos desafios para este mercado.
Boi china
Um dos principais estímulos para o crescimento sobre os investimentos em nutrição animal pelos pecuaristas no País foi a alta demanda pelo chamado boi China, animal jovem de até 30 meses de idade para o abate. O tipo de animal tem se tornado uma das maiores demandas do mercado, e é o que tem estimulado a produção de animais mais jovens.
Para o presidente da entidade, a receita de produção de um gado como esse é bem simples. Com investimento em genética e uma nutrição adequada, isso é fundamental para que se expresse todo o potencial do animal. E ainda continua a movimentar o mercado.
“Este ano o mercado continua crescente. O produtor permanece investindo, por conta desse incremento de tecnologia que fez nos últimos dois anos. Isso garante a carne de qualidade e a permanência das exportações”, diz Acedo.
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Fugindo do ‘boi sanfona’
A aposta em tecnologias de nutrição é um dos pilares para o pecuarista fugir do estilo de produção do ‘boi sanfona’, que entra gordo na desmama, e não se desenvolve como deveria por conta da falta de comida na época da seca.
“A seca vai acontecer todo o ano. Isso temos certeza. Ela pode ser um pouco mais severa ou um pouco mais branda. O que o pecuarista precisa é se programar na parte de forragem e também na suplementação adequada para o seu objetivo”, diz o presidente da Asbram.
Desafios
Para Acedo, o grande desafio é disseminar a tecnologia de suplementação mineral pelo País, pois muitos produtores ainda não oferecem nem ao menos sal mineral para seu gado.
“Quando pegamos os números de mercado, o que é produzido de suplemento mineral no Brasil dá para alimentar corretamente metade do nosso rebanho. Então tem parte do rebanho que não está recebendo nada, ou uma outra parte está recebendo menos mineral do que deveria”, diz Acedo.
Confira vídeo abaixo na entrevista na íntegra:
