Apaixonada pela pecuária, Ana viajou 2 mil km de Fusca para cumprir seu destino

Conheça a história da supervisora de transporte boiadeiro Ana Alice, aprovada em programa de talentos internos depois de viajar do Vale do Araguaia até Itajaí-SC de Fusca

Aos 25 anos ela já é supervisora de transporte boiadeiro na indústria de Pontes e Lacerda, no Vale do Guaporé, estado do Mato Grosso. Mas para chegar até lá, Ana Alice Ferreira passou por algumas provações, como viajar quase dois mil quilômetros em seu querido Fusca vermelho, saindo de Barra do Garças, no Vale do Araguaia mato-grossense, até Itajaí, cidade portuária no estado de Santa Catarina. Nesta sexta, 04, Ana compartilhou sua história no quadro Giro na Estrada.

“Meu pai foi criado no interior de Goiás, na região de Itajá, Itarumã, então ele teve fazendas ali e, em meados dos anos 2000, ele migrou para o Vale do Araguaia. Ali ele comprou uma fazenda, montou um supermercado também, então ele sempre esteve no meio rural. Naquele momento a principal atividade dele era supermercado, mas ele nunca deixou de estar no campo”, disse Ana, relembrando suas raízes no campo.

Goiana natural de Aragarças, Ana passou a integrar a equipe da JBS ainda como jovem aprendiz na unidade de Couros do outro lado do rio, em Barra do Garças-MT. De lá, passou para o transporte do couro verde ainda em Barra, período em que concluiu sua faculdade de gestão em agronegócio. Na sequência, teve oportunidade de mudar de área e se dedicar ao setor de contêineres no estado catarinense.

“Na época eu estava casada e aí eu conversei com meu esposo, era o início de 2017 e veio a oportunidade de ir para Itajaí-SC para trabalhar com contêiner da transportadora. A gente saiu numa quinta-feira à tarde lá de Barra do Garças e chegou em Itajaí no sábado à noite. Foram mais de dois mil quilômetros rodados e foi uma viagem muito gostosa. Fomos eu, meu ex-esposo e a Mel, minha cachorrinha, que me acompanha em todas as mudanças”, contou, enquanto as imagens relembravam o momento da viagem em seu Fusca vermelho. O veículo marcou tanto sua história que mesmo depois de comercializar o carro em Itajaí, Ana voltou a adquirir um fusca, desta vez branco (foto abaixo), quando se estabeleceu novamente em terras mato-grossenses.

No estado de SC, Ana Alice trabalhou no controle da jornada dos motoristas que conduziam os contêineres da companhia, entendo a relevância da pecuária não somente para o Brasil, mas para o mundo. “Hoje a pecuária brasileira é importante não só para o nosso país, quanto para os demais países. Quantos países hoje não importam carne de um pecuarista que, por exemplo, é da minha região, um boi que foi criado em Pontes e Lacerda e que está na mesa de uma pessoa lá no Uruguai, de uma pessoa na China. Esta é a importância do pecuarista brasileiro para o mundo hoje”, opinou.

Enquanto estava em Itajaí-SC, Ana inscreveu-se em no Programa de Talentos Internos da companhia, sendo aprovada para encarar o próximo desafio, que seria já no transporte boiadeiro, cumprindo seu destino de continuar contribuindo para a pecuária de corte brasileira.

“Eu participei do projeto de talentos internos na transportadora ainda quando eu estava lá em Itajaí e nessa oportunidade eu fui para a unidade de Goiânia ter minha primeira experiência com o boiadeiro, que foi durante o Programa de Talentos Internos. Eu fiquei seis meses lá em Goiânia neste programa, fui aprovada e, desde que eu cheguei lá, eu me apaixonei pelo segmento. Até então eu não tinha tido contato com o boiadeiro, eu tinha visto, mas não tinha tido contato direto com experiência da lida do boi todo dia, então quando eu entrei nesse mundo mesmo, de fazer viagens de acompanhamento do motorista, de acompanhar o embarque lá na fazenda, acompanhar o desembarque, ir dentro do frigorífico acompanhar o abate, eu realmente me encantei. Eu me apaixonei e pensei ‘daqui eu não quer sair mais, eu encontrei o meu lugar, eu quero trabalhar com boi’”, recordou.

Ao explorar novos desafios, Ana Alice descobriu sua paixão: o segmento boiadeiro. Foto: Arquivo pessoal.

Aprovada no programa, Ana foi direcionada para a supervisão do transporte boiadeiro na unidade Friboi de Pontes e Lacerda, sendo responsável pela logística do gado de corte naquela região do Vale do Guaporé. “Aqui em Pontes e Lacerda eu tenho 18 veículos, são 18 conjuntos, 21 motoristas estão sob a minha supervisão e outras duas pessoas estão no administrativo para ajudar”, apresentou.

Entre as ferramentas de trabalho mais recentes que a supervisora ganhou está o Uboi, aplicativo em que o produtor encomenda o transporte de cargas vivas informando categorias, origem, destino e datas preferidas para seu gado. Ana exemplificou a facilidade oferecida pela inovação com um embarque recente de 3.000 cabeças saindo de Pontes e Lacerda até Primavera do Leste, também no MT.

“O produtor que comprou o gado, entrou em contato com a nossa equipe do Uboi que fica lá em Lins-sp e ele inseriu no sistema a estimativa do gado, qual seria a época e a gente fez toda logística para disponibilizar os caminhões aqui em Pontes e Lacerda. A gente teve também caminhões que vieram de Confresa, de Barra do Garças e de Colíder para atender esta operação. O produtor entra em contato com a nossa equipe pelo Uboi, a nossa equipe disponibiliza a demanda para a gente, a gente corre atrás da logística para trazer os caminhões para poder atender o pecuarista com disponibilidade, qualidade do serviço para que realmente o gado embarque sem ter nenhum problema. Como foi uma operação aqui na minha região, eu fui acompanhar pessoalmente todo o embarque na fazenda. A gente teve um embarque na semana passada de 1.400 animais e vamos ter para a próxima semana embarque de aproximadamente 1.600 animais”, contou.

Foto: caminhões preparados para cumprir transporte de gado magro contratado via Uboi

“A nossa preocupação realmente é atender da melhor maneira o produtor rural”, concluiu.

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Assista a entrevista completa com Ana Alice pelo vídeo a seguir.

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