Além do conforto térmico: árvores no pasto podem reforçar produção de capim

Pesquisador lembrou da importância de sombrear as pastagens com árvores, cujos benefícios que vão além de atenuar o estresse térmico

Em reportagem da série especial Embrapa em Ação exibida no programa desta quinta, dia 21, o engenheiro agrônomo, mestre e doutor em zootecnista Carlos Maurício de Andrade, pesquisador da Embrapa Acre falou sobre os efeitos do sombreamento com árvores no pasto e lembrou que os benefícios da prática vão além do conforto térmico.

Em primeiro lugar, o especialista destacou que a sombra das árvores no pasto melhora o ambiente mesmo para os animais mais adaptados. “Hoje a gente já sabe que mesmo o gado Nelore, o zebuíno, que já é mais adaptado, se beneficia desse conforto térmico que uma árvore proporciona na pastagem”, confirmou. “Mas não é só isso”, continuou.

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PRESTADORAS DE SERVIÇO

Simultaneamente, a arborização dos pastos acrescenta outro elemento no equilíbrio do sistema produtivo, lembrou o pesquisador. “Quando a gente começa a estudar a presença de árvores no pasto aqui na região, a gente começa a ver que, na verdade, ela é uma prestadora de serviços”, comparou.

Em outras palavras, Andrade justificou a comparação. “Algumas espécies fornecem frutos que geralmente são produzidos na época seca. […] Os animais comem avidamente, com um bom valor nutritivo. Você tem várias espécies leguminosas que têm uma característica de copa muito boa, que dão um equilíbrio entre boa produção do pasto e ainda fixam nitrogênio quando caem as folhas”, destacou.

De acordo com o pesquisador, uma das consequências da prática de inserir árvores no pasto é a renovação dos nutrientes disponíveis no solo. “Você tem toda uma adequação ambiental, uma proteção do solo, uma reciclagem de nutrientes que estão em profundidade, que essas raízes vão buscar lá embaixo”, frisou.

“Os pecuaristas têm visto aqui na região que isso é muito importante. Não gera perda de produtividade nenhuma do pasto, pelo contrário. A gente já mediu algumas leguminosas, mediu a produção do pasto debaixo das copas e com certa distância da árvore também. E a gente mostrou que, debaixo da copa, o pasto produz mais do que em alguns metros distante, justamente por causa dessa reciclagem de nutrientes, essa liberação de nitrogênio, que é maior ali debaixo”, constatou.

TECNOLOGIA PARA DESCOBRIR A MELHOR ÁRVORES

Dessa forma, a Embrapa colocou a tecnologia a serviço do pecuarista, para ajudá-lo a encontrar a melhor espécie para colocar árvores no pasto. “A gente tem hoje já mapeadas as espécies que são boas para arborização de pastagem. Tem inclusive um aplicativo que chama Arbopasto”, comentou.

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Segundo salientou Carlos Maurício, o app serve sobretudo para produtores onde os sistemas integrados de produção não se encaixam muito bem, seja por falta de um mercado estabelecido para o grão, para a árvores ou ambos.

“Em regiões como essa aqui que a gente está (Acre), que é uma região que não tem aptidão para grãos nem mercado para eucalipto, a gente buscou identificar e direcionar aquelas espécies nativas que têm um bom desempenho em pastagem. E aí você pode formar ambientes de pastagem mais arborizados para você ter todos esses ganhos de qualidade de sombra, de fixação de nitrogênio, todos esses serviços que essas árvores podem prestar”, confirmou.

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Pelo vídeo a seguir é possível assistir a entrevista completa com o pesquisador da Embrapa Acre sobre sombreamento de pasto:

Foto: Mauricilia Pereira da Silva / Reprodução Embrapa

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