Nesta quarta, 11, o Giro do Boi teve como destaque entrevista com o engenheiro agrônomo, mestre em fitotecnia e doutor em solos e nutrição de plantas, Eros Francisco, diretor adjunto do Instituto Internacional de Nutrição de Plantas (da sigla em inglês, IPNI). Ele falou sobre manejo de pastagens no período de transição das águas para a seca.
De acordo com o profissional, pela expectativa de prolongamento das chuvas até meados de maio em algumas regiões produtoras do Brasil, ainda é tempo de as fazendas realizarem o diferimento de pastagens e garantir a reserva para a entressafra. “Nós estamos em uma fase crucial, que é o final da estação das chuvas, e ainda há possibilidade de fazer um pouquinho de reserva pasto. Aqueles que começaram a fazer o diferimento estão certos, mas quem não começou está no limite da estação das águas para planejar rapidinho e ter pastagem no futuro próximo”, aconselhou.
+ Quatro passos para começar o pastejo rotacionado
Eros explicou que o pecuarista deve começar a pensar na reserva fazendo um balanço de qual seu rebanho total e estimar uma taxa de lotação adequada à realidade de sua fazenda, já contabilizando o fato de que, na estação seca, a capacidade de suporte das pastagens diminui.
De maneira geral, disse o agrônomo, o indicado é fazer o diferimento de 20% a 40% das pastagens da fazenda. Entretanto, para os que vão começar agora, o volume terá de ser menor por conta do tempo mais curto. “Se ele for reservar 20% da pastagem nesse momento ainda, ele vai ter que fazer um super pastejo, um pastejo mais intenso do pasto que vai ser vedado para baixar o dossel e promover o crescimento mais livre da planta”, indicou.
Ainda segundo o doutor em solos e nutrição de plantas, o pecuarista deve escolher bem a gramínea a ser usada em pastos vedados, pois não são todas as cultivares indicadas para tal manejo. As mais recomendadas são as seguintes:
– Braquiarinha (Brachiaria decumbens): recomendadas para as regiões que sofrem menos com o ataque das cigarrinhas, devem ser rebaixadas até os 20 cm de altura para o diferimento e receberem animais quando estiverem com 50 cm;
– Braquiarão (Brachiaria brizantha cv Marandu), também sendo rebaixada a até 20 cm e pastejada após 50 cm;
– Gramíneas do gênero Cynodon, como Coastcross e Tifton, que devem ser pastejadas até uma altura de 10 a 15 cm para o diferimento e receber lotes depois que estiver com 30 cm;
– Capim Tanzânia, recomendada por ter um florescimento tardio e que deve ser rebaixada até 30 a 40 cm e receber animais depois de crescer entre 60 e 75 cm, antes de formar talos, o que dificultaria o pastejo;
Eros Francisco aconselhou ainda que o pecuarista faça a fertilização das áreas para auxiliar no crescimento das forrageiras com aplicações que, conforme o solo da propriedade, variem de 50 a 100 kg de adubo nitrogenado por hectare. Além disso, a adubação com enxofre – na proporção 10 de N para 1 de S – ajuda a melhorar a qualidade da proteína disponibilizada pelas forragens.
Para os produtores que não querem errar antes da entressafra de 2019, Eros ressaltou que o ideal é que o processo de diferimento comece a ser feito entre 60 e 100 dias antes do final das águas.
Na entrevista concedida ao apresentador Mauro Sérgio Ortega, o agrônomo falou ainda sobre o evento que será realizado pelo IPNI na capital do MT, Cuiabá, entre os dias 9 e 10 de maio, a Conferência Global Pecus – Pecuária do Futuro, discutindo soluções para fazer o setor avançar sobre a atual taxa média de lotação da pecuária nacional (0,7 UA/ha), diminuir a idade média de abate (4 anos) e aumentar o consumo médio de fertilizantes (3 kg/ha de pastagem), o que consequentemente melhoraria a produtividade brasileira.
Veja a entrevista completa de Eros Francisco ao Giro do Boi clicando no player abaixo: