O boi pantaneiro e orgânico tem uma morada certa, um dos mais belos biomas do planeta, o Pantanal. A produção de carne bovina segue num ritmo cada vez mais acelerado.
Os abates de bovinos criados organicamente triplicaram. Foram 40 mil bovinos terminados no ano passado, segundo o pecuarista Eduardo Cruzeta, presidente da Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável (ABPO).
A crescente produção do boi pantaneiro tem ainda um baita adicional: está alinhada com a preservação do meio ambiente. O protocolo desenvolvido pela ABPO foi o primeiro do Brasil a inserir a conservação ambiental numa certificação de raças bovinas.
“Nosso foco é fazer com que a produção seja reconhecida pelo consumidor. O objetivo dela é trazer retorno e valorização do produto do pecuarista e de seus associados”, diz Cruzeta.
O resultado no bolso do pecuarista foi de R$ 120 adicionais por animal abatido no Pantanal, o que totalizou cerca de R$ 4,2 milhões para os membros da ABPO.
Evolução certificada
Desde a fundação da entidade em 2001, o intuito foi guiar a produção através de sistemas de certificação. O primeiro protocolo foi o da certificação orgânica.
“O nosso protocolo é o modelo produtivo tradicional do Pantanal. Introduzimos processos de boas práticas agropecuárias, rastreabilidade desde a origem, certificação feita através de auditoria de uma empresa reconhecida terceirizada e acreditada por normas internacionais”, diz Cruzeta.
Mas a entidade não parou por aí. Em 2017, a associação de pecuaristas criou seu próprio protocolo e, futuramente, já traça planos mais audaciosos. A ideia é criar a indicação geográfica para a carne bovina pantaneira.
“Este será um processo ainda mais avançado e vai ser mais elaborado. Vai ser um selo que pode ter reconhecimento internacional”, diz Cruzeta.
Pastos ecológicos
Um dos motores para essa certificação internacional pode vir uma grande ideia que está sendo colocada em prática. É a formação de corredores de pastos ecológicos nas propriedades rurais do Pantanal.
O pasto ecológico é um sistema de formação de plantas forrageiras no meio de linhas de árvores nativas. Foi inicialmente desenvolvida para áreas de Cerrado ou em matas, mas que está ganhando espaço pelo Pantanal.
“Fazemos a introdução das gramíneas de capim sem fazer o corte raso da floresta. Dá para plantar humidícola nas áreas baixas e alagáveis. E como geralmente as propriedades estão em áreas altas, sem períodos de enchentes muito pronunciados, conseguimos ter outras espécies como o Panicum massai que é muito produtivo e funciona nessa área”, diz Cruzeta.
Através de uma parceria entre a Embrapa e universidades, a ideia é criar um processo que permita a mecanização do pasto ecológico. Isso pode fazer com que essa técnica seja realizada em grandes áreas e ser adotada por grande parte dos produtores rurais do Pantanal.
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