O médico veterinário Fernando Loureiro, que responde dúvidas de telespectadores do Giro do Boi sobre qualidade da água fornecida aos rebanho de corte brasileiros, atendeu um pecuarista de Naviraí-MS.
Anílson Ciocca perguntou se a água pode interferir na reabsorção embrionária das matrizes, ou seja, se tem impactos no desempenho reprodutivo das fêmeas.
De acordo com Loureiro, não existem trabalhos científicos específicos sobre influência da qualidade da água no desempenho reprodutivo. “Eu procurei vários trabalhos e tem pouquíssimos papéis publicados, trabalhos científicos, feitos nos institutos de pesquisas, nas universidades, que estão relacionados somente a água. Mas existe uma série de fatores que podem estar impactando (o desempenho reprodutivo), desde suplementação mineral, nível hormonal destas vacas, até o sêmen que foi utilizado, o manejo, incidência de enfermidades, de doenças, o status sanitário desta vacada, destas matrizes”, contextualizou.
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No entanto, o especialista reforçou os impactos do líquido no desenvolvimento do animal de modo geral. “Eu posso te assegurar porque eu estive conversando nos últimos dois anos com muitos técnicos, os principais técnicos de reprodução que eu tenho contato hoje no Brasil, vários deles são referências em suas regiões, seja aqui no Mato Grosso do Sul, em Goiás, estado de São Paulo, onde tem vários, também em Minas Gerais, sul da Bahia, ou seja, do Brasil todo. Esses técnicos foram unânimes em afirmar que, sim, eles acreditam que a água tem o impacto na forma de pensar e conduzir, só não tem realmente um trabalho publicado em que se separou justamente isso – ou seja, comparou dois lotes em situações idênticas aonde um bebia a água do açude, barrenta, e o outro teve acesso a somente bebedouros artificiais e pilhetas lavadas com frequência”, informou.
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Fernando lembrou do vínculo entre o desempenho do animal em conversão alimentar e o consumo da água. “O importante é a gente saber que, pelo bom senso, todo mundo acredita que o desempenho vai superior, favorável, eu também penso nisso, principalmente se a gente levar para o aspecto nutricional da reprodução, seja de preparar a matriz para uma nova concepção, para reemprenhar e para manter, segurar esta cria, até o momento de parição, do nascimento dos animais. Bebendo mais água, e espontaneamente porque a água está boa, está limpa e livre de contaminantes, os animais comem mais. Comem mais livremente tanto pasto como também o suplemento, seja mineral ou proteico energético e, com isso, o escore corporal desta vaca, desta matriz, melhora. Tendo um escore melhor, as chances de concepção e de levar uma gestação até o fim em boas condições, aumenta”, comentou.
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Veja a resposta completa no vídeo a seguir:
Foto: Reprodução / Facebook