Não é somente em tecnologias de plantio, colheita, reprodução animal e em demais insumos, implementos e maquinários que está guardado o segredo do sucesso do agronegócio. A defesa do setor de ataques infundados frequentemente veiculados pela imprensa também é essencial para assegurar um futuro cada vez mais produtivo para os campos, principalmente em um país como o Brasil, o celeiro do mundo, essencial para alimentar a população de todo o planeta.
Foi esta a visão passada pela produtora rural formada em relações públicas Camila Telles, uma das mais eminentes influenciadoras do mundo agro na internet, em entrevista concedida ao Giro do Boi desta segunda, 09.
“O que a gente precisa fazer na nossa página, no nosso dia a dia é combater a desinformação, ou seja, aquela desinformação que as pessoas acabam tendo a respeito do agro, a famosa fake news. E é o nosso papel conseguir passar a verdade para as pessoas, mostrar o que realmente é feito, e não necessariamente através de vídeo na internet. Esta foi a forma que eu achei de me comunicar, esta foi a forma que eu entendi que conseguiria atingir um público mais urbano. O que a gente tem que fazer é ir para as escolas, universidades, na fila do mercado, no nosso dia a dia. […] Se eu vivo o agro e se eu amo o agro, eu preciso defender ele de pessoas que acham que ele, porventura, possa ser vilão”, sustentou.
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Entre YouTube e Instagram, Camila Telles já reúne um público maior do que 80 mil pessoas, que acompanham registros de suas andanças pelo Brasil agro e ainda respostas a celebridades que dizem inverdades sobre o agronegócio. Entre os vídeos de maior repercussão estão respostas à cantora Anitta , em que rebateu com uma paródia de uma de suas letras, e também ao humorista Fábio Porchat.
“O que eu faço é uma certa exposição para defender o agro porque eu acabo gravando vídeos mais polêmicos, que viralizam, ficam conhecidos. E eu sou uma jovem mulher que estou dando a cara a tapa para defender um setor inteiro”, afirmou.
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RAÍZES NO CAMPO
Camila Telles tem 26 anos e é nascida em Cruz Alta, no centro norte do estado do Rio Grande do Sul, a 330 km da capital Porto Alegre. Ela vem de uma família de produtores rurais, uma origem que hoje é pilar de sua profissão. Depois de sair do Rio Grande do Sul, passar por Brasília-DF, onde trabalhou dentro da CNA, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, mudou-se para Curitiba, capital do Paraná, no final do ano passado para uma “nova aventura empreendedora”, conforme disse ao Giro do Boi na manhã de hoje.
“Eu vou começar a visitar fazendas do Brasil inteiro porque eu quero mostrar a realidade do agro como uma forma de defender ele, ou seja, melhorar a imagem dele cada vez mais não só para os brasileiros que não tem uma vivência direta com o agronegócio, mas também para quem está lá fora. Então a gente está tentando gerar, inclusive, conteúdo internacional para as pessoas conseguirem entender o quão importante é o Brasil para o mundo na geração de alimentos, porque pode ser de fato considerado celeiro do mundo”, adiantou.
Segundo a agroinfluencer, o momento é propício para a atividade, em que o país se consolida como um dos mais relevantes players do agro mundial, ao passo que muitas pessoas ainda não conhecem o trabalho do produtor de verdade. “O Brasil é o único país onde o produtor rural tem que pagar para preservar o meio ambiente. A gente tem muitos exemplos positivos e eu sempre falo nas minhas palestras em eventos que eu participo que o agro não é um problema, é uma solução. […] A gente com certeza está num momento de valorizar cada vez mais o nosso setor e mostrar como realmente funciona dentro da porteira”, opinou.
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Segundo Camila, a defesa do setor é importante não somente para quem já trabalha no setor, como também para novas gerações que precisam enxergar no agro uma oportunidade de empreender, inovar e, assim, assegurar a evolução contínua da produção.
“É importante a gente pensar que esta questão da valorização do agro, da comunicação, vai garantir que estes jovens que acabam tendo acesso a informações muito erradas sobre o setor consigam enxergar o agro como uma possibilidade de trabalho também. Isso não só para jovens que já têm família trabalhando no setor, mas aqueles também que não tem família e gostariam de, em algum momento, trabalhar no agro. A gente tem que pensar que o fato de a mídia, muitas vezes, colocar o agro como vilão não é só negativo para a gente que já trabalha no agro, mas também é negativo para o futuro do agro, para os jovens que querem trabalhar no agro. A gente tem que mostrar que é um campo fértil de trabalho, que várias profissões podem fazer parte disso. E a gente precisa incentivar estes jovens, principalmente os millenials, que são 100% conectados na internet, que estão sempre vendo besteiras sobre o agro, a gente tem que conectar estes jovens com o campo de fato, aquele campo que a gente conhece, que a gente vive, que a gente respeita”, salientou.
MULHERES NO AGRO
Telles destacou ainda a evolução da ocupação dos espaços pelas mulheres no agronegócio, uma referência ao Dia Internacional da Mulher, celebrado neste domingo, 08. “É motivo de muito orgulho, principalmente para nós jovens mulheres. A gente está nessa luta de defesa do agro porque a gente realmente acredita e é incrível ver a Teka Vendramini (presidente da SRB), é incrível ver a ministra (da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) Tereza Cristina ocupando estes cargos e, mais do que isso, desenvolvendo papéis importantíssimos. […] É uma questão de competência, de responsabilidade. […] A mulher tem na sua cultura, ela nasceu com este instinto de proteção, de liderança, de organização e a gente está ocupando cada vez mais nosso espaço e espero que seja cada vez maior”, analisou.
“Quando eu faço minhas palestras, eu sempre pergunto se as pessoas conhecem alguma propriedade rural que cresceu e se desenvolveu sem ter uma mulher. Porque a mulher tem um senso de responsabilidade gigantesco, ela tem um senso de decisão importantíssimo e ela gere de uma forma muito cuidadosa. Então as mulheres sempre tiveram o seu espaço, só que agora de fato elas estão ocupando ele e eu fico muito orgulhosa, muito feliz”, celebrou.
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Camila falou ainda sobre sua participação na Expodireto Cotrijal 2020, que ocorreu entre 02 e 06 de março em Não-Me-Toque-RS, revelando que ainda nesta semana deverá publicar um vídeo com seus cinco destaques a respeito da feira. “O que eu quero mostrar é que produzir não é fácil, ser produtor rural não é ir lá, plantar e colher, tem todos os detalhes para serem cuidados, tecnologia. E também quero mostrar que existem pesquisadores, existem pessoas, muitas vezes, inclusive, mulheres que estão trabalhando diariamente para garantir esta agropecuária que as pessoas tanto querem”, ressaltou.
Os temas a serem abordados, segundo a influencer, são energia solar como alternativa de geração de eletricidade dentro das fazendas, tratamento de solos, tratamento de sementes por meio de uma tecnologia que ainda será lançada no ano que vem e promete plantas mais resistentes a pragas e lagartas, avanços em pulverização para evitar deriva e também evolução da colheita para evitar desperdício dos insumos mobilizados para as lavouras.
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Pelo player abaixo é possível assistir a entrevista completa de Camila Telles concedida ao Giro do Boi:
Foto: Reprodução / Instagram