A hora e a vez da “Pecuária de Precisão” no Brasil; entenda o que é!

Um dos braços do programa é o chamado “Conceito de Revolução 4.0”, criado na Alemanha em 2012 para designar a “quarta era industrial” do mundo, puxada pela automação e tecnologias da informação (TI). Com esta metodologia, a ideia é aplicar os conceitos na própria atividade pecuária.

Levantamentos feitos ao longo de anos no Brasil por grandes especialistas em pecuária evoluída tem colocado em “xeque” o futuro da atividade extensiva e extrativista. É sabido que, em 20 anos, quatro de cada dez pecuaristas brasileiros deixarão a atividade por não investirem em técnicas e tecnologias de produção . Outro dado debatido recentemente no Giro do Boi, também chamou a atenção do fazendeiro: apenas 15% das fazendas de pecuária do Brasil possuem balanças e troncos de contenção. Tem, ainda, aquele sem planejamento algum, que perde dinheiro com a pecuária, enquanto que o seu “vizinho de porteira”, empresário rural adepto às inovações tecnológicas, chega a ganhar acima de três mil reais por hectare ao ano. Esses são apenas alguns dos exemplos do quanto estamos aquém do ideal em rentabilizar a cadeia produtiva da carne bovina, de olhos no aproveitamento do aquecimento da economia doméstica e da crescente demanda dos mercados importadores.

Se não formos rápidos, planejados e conectados, certamente estaremos fadados ao fracasso. Este foi o assunto principal do Giro do Boi desta quarta-feira, 11. O médico veterinário e diretor da unidade de pecuária da MSD Saúde Animal, Henrique Casagrande, é um dos autores de um programa desenvolvido pela companhia para ajudar o pecuarista a entender a necessidade de “dar um passo a mais”, de entender a real necessidade de “sair de sua zona de conforto” e ir à luta, ir em busca de algo que possa fazê-lo mudar os seus conceitos de produção de olho no mercado que ora volta suas atenções ao Brasil do agro. 

A nova pecuária proposta pelo programa “Pecuária de Precisão”, elaborado pela MSD, que inclusive conta com uma gerência própria e o auxílio de mil e duzentos funcionários da companhia no Brasil, têm como objetivo “arrebanhar” pecuaristas que querem e necessitam sair do tradicionalismo. Um dos braços do programa é o chamado “Conceito de Revolução 4.0”, criado na Alemanha em 2012 para designar a “quarta era industrial” do mundo, puxada pela automação e tecnologias da informação (TI). Com esta metodologia, a ideia é aplicar os conceitos na própria atividade pecuária. 

Uma das empresas que têm apostado no programa Pecuária de Precisão é bastante conhecida do Giro do Boi e do pecuarista brasileiro, já que por várias vezes foi homenageada no programa e sempre é citada em palestras e eventos de pecuária. É a Agropastoril Campanelli, localizada em Bebedouro, SP, empresa que confina cerca de 50 mil bois/ano e tem um faturamento médio de R$ 250 milhões. Desde 2015, a então empresa familiar, passou a introduzir em seus sistemas produtivos soluções mais robusta e integrada para gestão do confinamento incluindo a rastreabilidade do rebanho, a automação da fabricação e o fornecimento da ração com leitura eletrônica dos cochos. Essas soluções tornaram a presença de chips, leitores de código de barras, tags de RFID, painéis de led, tabletes e internet comuns no ambiente rural e no cotidiano dos funcionários. O uso dessas tecnologias permitiu aos Campanelli aumentarem a rentabilidade do negócio ao ganhar eficiência na operação e escala de produção. A propriedade foi citada como um exemplo por Casagrande.

O especialista, que tem uma vasta experiência internacional em modelos de gestão em pecuária, também acrescentou outros aspectos que o programa tem trazido para os participantes como a identificação precoce do animal com dificuldade de desenvolvimento (nesse caso a MSD trará para o Brasil a maior autoridade mundial em bem-estar animal, Temple Grandim, para palestrar explicando a importância do bem-estar na eficácia do manejo sanitário); avanços em eficiência reprodutiva; a calibração de material genético pelas fazendas, melhorando a produção de @/ha/ano e a qualidade da carne produzida, tanto a pasto como em cocho. “Não podemos nos dar ao luxo de acordar tarde e dormir cedo, precisamos fazer algo que possa mudar os nossos resultados e, somente o trabalho e a adoção tecnológica, farão com que a pecuária brasileira evolua da forma com que deveria”, disse Casagrande.

Confira, abaixo, a entrevista completa do especialista:   

 

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