Investindo R$ 100 em vacinas, criador evitaria prejuízo de US$ 100 mil; entenda o caso

Veterinário deu dicas para montar o calendário de vacinação contra doenças reprodutivas e lembrou de caso que a leptospirose levou US$ 100 mil de pecuarista de cria

Em entrevista ao Giro do Boi desta segunda, dia 08, o médico veterinário e professor Guilherme Vieira, criador das plataformas Farmácia na Fazenda e Semiconfinamento.com.br, ajudou o pecuarista a criar um protocolo de vacinação para prevenir as principais doenças reprodutivas em bovinos.

UM CASO DE LIVRO!

O veterinário ilustrou a importância da elaboração do calendário profilático com um caso em que foi chamado para resolver em uma fazenda de cria. “Nós fomos chamados porque estava tendo uma grande incidência nessa fazenda de bezerros fracos, retenção de placenta nas vacas […] e estava dando infertilidade. Quando eu cheguei na fazenda, a gente foi ver a causa nutricional, mas quando eu fui avaliar ração, tinha rato até no teto!”, recordou.

Conforme recordou Vieira, os sacos de ração estavam todos rasgados e 20 bezerros já haviam morrido, fora os casos de aborto e até uma vaca morta logo após abortar. “Um caso de livro!”, classificou.

“Quando eu fui analisar essa vaca, ela tinha acabado de abortar e estava com febre alta e que teria todos os sinais característicos de leptospirose. E conversando com um colaborador da fazenda, ele disse que o rato chegou na fazenda e depois que começou a chegar rato, as coisas desandaram”, apontou.

Em suma, entre bezerros mortos, abortos e até a morte de matrizes, foram US$ 100.000,00 de prejuízo. Em contrapartida, o investimento com vacinas para doenças reprodutivas em bovinos não chegaria a R$ 100,00, sustentou o consultor.

“Eu perguntei se eles vacinavam contra leptospirose e ele disse que não. Então fechamos o diagnóstico junto com outros colegas e a gente viu que no processo da IATF, não era feito o calendário profilático correto e isso tudo acabou”, contou o veterinário.

DOENÇAS INGRATAS

Segundo afirmou Vieira, a maior parte das doenças reprodutivas em bovinos são “ingratas”. “Por quê? Elas são subclínicas! Quando os sinais e sintomas aparecem, o estrago já está feito!”, justificou.

Por exemplo, entre os prejuízos estão aborto, infertilidade, nascimento de bezerros fracos, intervalo entre partos muito longo e nascimento de natimortos.

Contudo, muitos criadores apontam o dedo para a nutrição neste momento, lembrou Vieira. “Na maioria das vezes as pessoas colocam a culpa na nutrição. E nós já tratamos disso aqui no início do ano, da mineralização não correta, e tudo isso aliado é um grande problema”, advertiu.

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‘Ah, eu fiz IATF mas a vaca não emprenhou?’. Mas por que não emprenhou? Justamente por falta de fazer um manejo sanitário preventivo correto e adequado, aliado a um processo nutricional”, explicou.

Conforme analisou o veterinário, essa é a principal causa de o índice de fertilidade do rebanho brasileiro ser baixo, próximo dos 65% na média histórica, com dados da Embrapa. “Então nós vamos ter os índices da Embrapa que nos mostram que desde a década de 2000, 65% é o índice de fertilidade no nosso rebanho. E 65% em fazendas boas! Mas por que tão baixo assim? Nós temos várias causas, sendo elas sanitárias e nutricionais”, comentou.

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Atualmente, com a intensificação da pecuária de corte e o aumento do uso dos grãos, a leptospirose se tornou uma das principais doenças reprodutivas em bovinos. O veterinário disse que a doença tomou o lugar da brucelose, que passou a ser controlada com o programa de erradicação do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

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“Não tem um armazenamento correto (dos grãos) nas fazendas e, consequentemente, vem o problema da leptospirose”, advertiu.

Juntamente com a leptospirose, a BVD e a IBR entram no rol das principais doenças reprodutivas em bovinos.

LÁPIS E PAPEL NA MÃO

Então todo mundo com lápis e papel na mão, convidou o veterinário. Em síntese, Vieira resumiu como o criador pode elaborar o seu calendário de vacinação contra as doenças reprodutivas em bovinos.

“Você pode fazer a vacinação contra leptospirose com uma vacina única, mas, no mercado, […] já tem vacinas múltiplas muito boas, que previnem a leptospirose, a BVD e a IBR”, lembrou.

Em suma, Vieira apontou o caminho para se livrar das doenças reprodutivas em bovinos. “Vamos fazer o seguinte: vacinar os bezerros e bezerras com quatro meses de idade e repetir 30 dias depois. […] As novilhas, antes de entrarem no período reprodutivo, vacine todas elas e repita anualmente. E as matrizes, as vacas que vão entrar em reprodução, logo depois que elas parirem, você já faz a vacinação contra BVD, IBR e leptospirose. Isso entra num calendário já normal e anualmente você repete essas vacinas junto com as vacinas contra clostridiose e também contra raiva e aftosa. Esse é o calendário”, concluiu.

Por fim, Vieira fez uma série de convite aos telespectadores, lembrando da realização do curso de manejo de vacas de cria (ao vivo e online) entre 17 e 18 de novembro e a abertura de seis vagas de sua mentoria para interessados em semiconfinamento, manejo de recria e manejo de vacas de cria. As informações estão disponíveis pelo número de telefone (71) 9 9161 2740 ou pelo site semiconfinamento.com.br.

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Confira a entrevista completa com Guilherme Vieira sobre as principais doenças reprodutivas em bovinos no vídeo a seguir:

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