Estudo aponta que novilhas bem nutridas não significam boa taxa de prenhez

Descoberta apontou que protocolos curtos de IATF têm mais potencial para aumentar a taxa de prenhez em novilhas precoces e reduzir média idade ao 1º parto no Brasil

O Giro do Boi desta quinta, dia 03, teve com um dos destaques entrevista com o professor do Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, Pietro Baruselli. Em foco, um estudo de uma tese de mestrado de médico veterinário Augusto Felisbino, orientado pelo próprio Baruselli, que fez novas descobertas sobre a taxa de prenhez em novilhas precoces.

Conforme apontou o estudo, não basta apenas a fêmea precoce estar bem nutrida para converter a IATF em taxa de prenhez. Nesse sentido, a tese apontou que é necessário fazer ajustes também no protocolo de inseminação artificial.

Em resumo, os experimentos foram feitos em cinco fazendas de cria no estado de Mato Grosso, envolvendo cerca de 1.200 novilhas.

REDUÇÃO DA IDADE AO PRIMEIRO PARTO

O objetivo foi entender que ajuste fino o criador deve buscar agora que já existem ferramentas para reduzir a idade média da primeira concepção. “Há 20 anos nós emprenhávamos novilhas com três anos para parir com quatro anos. Começamos a emprenhar novilhas com dois anos para parir com três anos. Agora, nós estamos emprenhando novilhas zebuínas, a base Nelore do Brasil, com um ano de idade para parir com dois anos. Isso realmente é digno de nota, a evolução científica e tecnológica que aconteceu nesses últimos 20 anos”, ressaltou Baruselli.

Assim, a técnica de reprodução também precisa passar por uma sintonia. “Porque o crescimento dos folículos, o momento da ovulação com toda essa mudança, apresentou também certos comprometimentos no crescimento, que tiveram que ser diagnosticados e ajustados para melhorar a eficiência do processo”, justificou Baruselli.

ALTERAÇÕES NO METABOLISMO

Segundo o professor da FMVZ/USP, ao suplementar novilhas precoces para que possam ciclar o quanto antes, ocorrem alterações no metabolismo. “E o Augusto (Felisbino) verificou em sua tese de pós-graduação, de mestrado, que quando nós suplementamos os animais, nós aceleramos o crescimento folicular. A fêmea metaboliza a progesterona de forma diferente”, traduziu Baruselli.

Portanto, continuou o pesquisador, “quando a gente faz o tratamento, ela metaboliza mais rápido quando recebe suplementação. E esse crescimento mais rápido faz com ocorra uma ovulação antecipada. E essa ovulação antecipada, em algumas situações, não é desejável no processo reprodutivo”, alertou.

INSEMINAÇÃO

Em outras palavras, é possível que a aplicação do sêmen na IATF possa ser feita em um momento inoportuno. “Nós temos que inseminar sempre uma fêmea antes de ela ovular, e não depois. […] Porque o espermatozoide chega no trato reprodutivo da fêmea e precisa se capacitar para poder fertilizar o óvulo. […] Então leva um tempo que ele tem que aguardar para se capacitar, para se preparar para fertilizar o óvulo que vai chegar”, justificou.

Dessa forma, com a antecipação da ovulação, a aplicação do sêmen pode ser tardia. “Não dá tempo para o espermatozoide se capacitar para fertilizar. Como resultado, as taxas de fertilidade caem. Esse é a hipótese e é o conceito do porquê, às vezes, encurtando o protocolo, você evita inseminar uma fêmea que já ovulou”, concluiu o professor.

MOMENTO CERTO

Contudo, ajustando o protocolo é possível aplicar o sêmen em tempo de ele se capacitar antes da chegada do óvulo para ocorrer fertilização. “Atualmente, de uma forma geral, existem três protocolos muito utilizados no Brasil. Esse protocolo mais curto, que é D0, D7, tira o implante no D7 e insemina no D9. Depois disso nós temos o D0, D8, tira no D8 e insemina no D10. E, por último, tem um que é D0, D9, tira no D9 e insemina no D11. Então nós temos protocolos mais curtos e mais longos”, observou.

Sob o mesmo ponto de vista, os protocolos mais curtos são os que mais se convertem em taxa de prenhez nas novilhas precoces. “Em fazendas tradicionais, onde não tem um aumento no metabolismo, os protocolos mais longos apresentam resultados semelhantes aos protocolos mais curtos. Entretanto, nas fazendas onde nós estamos verificando essa mudança na alimentação, aumento do metabolismo e do ganho de peso, os protocolos mais curtos estão apresentando eficiência superior”, diferenciou.

Em conclusão, Baruselli elucidou que o trabalho mostra a possibilidade de otimizar a reprodução de novilhas com acelaração do metabolismo pela necessidade de crescer mais rápido e ciclar antecipadamente.

Enfim, com a nova descoberta, Baruselli projetou o crescimento da tecnologia no Brasil. “Vai ser uma tecnologia que vai dominar o processo de reprodução: emprenhar fêmea cedo. […] Isso é uma revolução”, celebrou.

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Por fim, assista a entrevista completa com Pietro Baruselli sobre taxa de prenhez em novilhas precoces:

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