Em que cenários vai valer a pena confinar gado em 2021?

Analista comentou que maior desafio em 2021 deve ser encontrar boi magro, embora relação de troca esteja pouco melhor do que no mesmo período de 2020

Confina, Brasil! Começou nesta semana a segunda expedição organizada pela Scot Consultoria que busca fazer um mapeamento do gado terminado em cocho no Brasil. Neste ano, cerca de 120 fazendas de 14 estados serão visitadas entre junho e setembro para coleta e análise de dados. Nesta quinta-feira, dia 24, o médico veterinário Hyberville Neto, analista de mercado da própria Scot Consultoria, falou sobre a iniciativa e revelou algumas das expectativas para a prática da engorda intensiva frente aos desafios de 2021.

“No ano passado nós visitamos 118 propriedades. O foco foi Brasil Central, então a gente passou por Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Minas Gerais vendo os mais diversos aspectos da produção tanto dos confinamentos quanto de alguns semiconfinamentos também. Nós avaliamos, acompanhamos as novidades, o que os pecuaristas, os confinadores têm feito na vanguarda do conhecimento nessa área, sua preocupação tanto com gestão, com nutrição, os custos alimentação, que já incomodaram o ano passado e esse ano muito mais”, comentou o veterinário.

IMPORTÂNCIA DA CELERIDADE NAS DECISÕES

De acordo com o especialista, a expedição levanta algumas informações importante para o confinador porque sua atividade exige celeridade nas tomadas de decisão e correções de curso. “Dentro da pecuária, esse é o sistema que mais demanda aquela atenção rápida. Não que os outros sejam fáceis, mas o confinamento é o que menos tem margem de erro porque é o mais intensivo em capital, em mão de obra. Então é justamente aí que tem que ser mais azeitado. Então a gente foi ver um pouquinho disso e viu muita coisa boa por aí”, anunciou.

Hyberville lembrou algumas das principais dificuldades enfrentadas pelo confinador em 2020. “Talvez o maior desafio, a dor de cabeça mesmo tenha sido disponibilidade de alimento na região, a substituição na dieta, esses ajustes que precisaram ser feitos devido ao momento desafiador, tanto da reposição como dos alimentos. E esse ano nós seguimos nessa toada. Não está fácil do ponto de vista de relação de troca”, projetou.

Em todo caso, os desafios não devem trazer retrocesso em termo de volume de gado confinado. “É uma atividade que tem crescido ano a ano, então mesmo quando o ano está com um cenário mais desafiador, a consolidação do sistema tem acontecido. É um paralelo que a gente traça com a própria IATF. […] Na IATF, quando o ano está bom ela cresce muito, quando o ano está mais fraco, ela cresce pouco ou se mantém. Então são atividades que chegaram para ficar. É o que a gente tem observado. Claro que a disponibilidade de reposição em 2021 segue bem justa, então isso tem que ser acompanhado, tem que ver se existe volume de gado para o confinamento, mas nós acreditamos que haja espaço para manutenção de um volume importante (em 2021), como tem sido observado nos últimos anos frente a desafios”, justificou.

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PECUARISTA CONCORRE COM A MÉDIA DO MERCADO

O veterinário observou qual a importância das informações coletadas pela expedição para os confinadores de gado de corte no Brasil. “No final do projeto a gente divulga o benchmarking Confina Brasil, que serve de referência para outras propriedades. O pecuarista às vezes está fazendo a sua atividade, está com seus resultados, mas ele precisa ter uma referência se aquilo está bom, como ele está frente à média. A gente costuma falar que ele não é concorrente do outro pecuarista diretamente, mas é concorrente da média do mercado. Então ele precisa estar bem frente à média do mercado porque a média do mercado é o que define o preço das diversas categorias. Por exemplo, se a recria e engorda está muito eficiente, ele consegue pagar mais pelo bezerro, mas se ele não tiver eficiência à altura, ele não vai suportar essa relação de troca mais justa e assim por diante”, ilustrou.

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VAI VALER A PENA CONFINAR EM 2021?

O veterinário ponderou que frente aos desafios com reposição e alimentação, o produtor deve entender que a operação do confinamento em si vai ser mais difícil, mas pode compensar em situações como aquele em que o cocho serve como forma de girar o estoque, ganhando até menos na margem e mais pelo volume de gado abatido.

“Realmente a hora que o milho dá uma folga, o mercado futuro deu uma esfriada nas últimas semanas. Quando a gente faz as contas, uma simulação mais rápida, a atividade, dependendo do patamar de custo, está praticamente empatando. Só que houve bons momentos de travar as cotações por algum tempo. O confinamento tem que ser avaliado dentro do sistema. Dentro de sistemas, muitas vezes ele faz sentido, ele se torna viável. Quando a gente trabalha com confinamentos maiores, o ganho em escala acaba viabilizando isso e aí, no caso de confinadores ou propriedades menores, eles acabam indo para esses confinamentos em formato de parceria. Então, com as ponderações de que não está um ano fácil nem do lado da troca com reposição nem do lado da troca com o milho, com os alimentos, nós acreditamos em um volume confinado, a princípio, […] semelhante ao do ano passado”, estimou.

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Hyberville opinou ainda que o maior desafio do produtor para confinar em 2021 deve ser encontrar o gado magro, embora a relação de troca para reposição esteja um pouco melhor do que na comparação com 2020. Em relação ao milho, os analistas têm expectativas de redução da relação de troca com arrobas por conta da entrada da safrinha. “Daqui em diante, com a entrada da safrinha, é possível que o milho ajude um pouquinho. Ou melhor, é possível que atrapalhe menos. É algo a ser acompanhado”, salientou.

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A entrevista completa com o médico veterinário Hyberville Neto, analista de mercado da própria Scot Consultoria, pode ser vista pelo vídeo a seguir:

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